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Venezuela e Guatemala desistem de CS
Chanceleres dos dois países concordam em apontar Panamá como candidato de consenso para vaga rotativa no organismo
Impasse na eleição durou 47 rodadas de votação em duas semanas; eleição do novo candidato para período de dois anos é tida como certa
DA REDAÇÃO
Após duas semanas de impasse e 47 rodadas de votação,
Guatemala e Venezuela decidiram ontem se retirar da disputa
pela vaga não-permanente reservada a América Latina e Caribe no Conselho de Segurança
da ONU e indicar o Panamá como candidato de consenso.
O anúncio foi feito pelo embaixador do Equador na ONU,
Diego Cordovez, que mediou
duas reuniões ontem entre os
chanceleres Gert Rosenthal
(Guatemala) e Nicolás Maduro
(Venezuela), numa tentativa de
pôr fim à controvérsia.
Os dois países apresentarão
oficialmente a candidatura do
Panamá em reunião hoje com
os 34 membros do bloco latino-americano e caribenho no organismo para que a indicação
seja referendada. A votação pela Assembléia Geral está prevista para a próxima terça.
A eleição do Panamá é considerada certa, mas sua indicação
foi uma surpresa, já que a República Dominicana vinha sendo apontada como o possível
candidato consensual.
Questionado sobre o porquê
da indicação do Panamá, o
chanceler Rosenthal disse: "É
um país que une a América do
Sul e a América Central. Estamos preocupados com a idéia
de divisões entre o norte e o sul
da América Latina. Gostaríamos de deixar essa idéia de lado
buscando um país que é bem
recebido nos dois extremos do
nosso continente".
Mas, afirmou, "é uma desilusão". "Depois de 47 rodadas de
votação, pensamos que a fórmula do candidato de consenso, que nunca foi de nosso agrado, era a menos pior".
Já Maduro disse que "o que
importa é que uma nação irmã
conseguiu nosso apoio".
"Faca de dois gumes"
O apoio dado à Guatemala
pelos EUA e a posição francamente anti-americana da Venezuela de Hugo Chávez acabaram transformando a votação
na ONU em um veredicto pró
ou anti-Washington, alimentando o impasse.
A Guatemala venceu em 46
das votações realizadas, mas
em nenhuma conseguiu obter a
maioria de dois terços dos 192
membros da Assembléia Geral
para se eleger. Em uma votação
houve empate. O voto é secreto.
Para Rosenthal, o apoio dos
EUA acabou se tornando uma
"faca de dois gumes". "Em alguns aspectos, provavelmente
prejudicou nossa campanha."
Mas a decisão de retirada foi
uma derrota importante para
Chávez, que havia tornado a
candidatura ao CS um dos eixos
de sua política externa, na tentativa de se tornar um interlocutor global.
O venezuelano havia lançado
nos últimos meses uma agressiva ofensiva diplomática, baseada na troca de apoio à sua
candidatura por acordos milionários no setor petroleiro em
países como China e Rússia.
Porém diplomatas avaliam
que o país foi prejudicado pelo
discurso feito por Chávez na
ONU em setembro passado,
quando chamou o presidente
George W. Bush de "diabo" e
disse que a ONU era "antidemocrática" e "inútil".
Com agências internacionais
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