São Paulo, quinta-feira, 02 de novembro de 2006

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Venezuela e Guatemala desistem de CS

Chanceleres dos dois países concordam em apontar Panamá como candidato de consenso para vaga rotativa no organismo

Impasse na eleição durou 47 rodadas de votação em duas semanas; eleição do novo candidato para período de dois anos é tida como certa


DA REDAÇÃO

Após duas semanas de impasse e 47 rodadas de votação, Guatemala e Venezuela decidiram ontem se retirar da disputa pela vaga não-permanente reservada a América Latina e Caribe no Conselho de Segurança da ONU e indicar o Panamá como candidato de consenso.
O anúncio foi feito pelo embaixador do Equador na ONU, Diego Cordovez, que mediou duas reuniões ontem entre os chanceleres Gert Rosenthal (Guatemala) e Nicolás Maduro (Venezuela), numa tentativa de pôr fim à controvérsia.
Os dois países apresentarão oficialmente a candidatura do Panamá em reunião hoje com os 34 membros do bloco latino-americano e caribenho no organismo para que a indicação seja referendada. A votação pela Assembléia Geral está prevista para a próxima terça.
A eleição do Panamá é considerada certa, mas sua indicação foi uma surpresa, já que a República Dominicana vinha sendo apontada como o possível candidato consensual.
Questionado sobre o porquê da indicação do Panamá, o chanceler Rosenthal disse: "É um país que une a América do Sul e a América Central. Estamos preocupados com a idéia de divisões entre o norte e o sul da América Latina. Gostaríamos de deixar essa idéia de lado buscando um país que é bem recebido nos dois extremos do nosso continente".
Mas, afirmou, "é uma desilusão". "Depois de 47 rodadas de votação, pensamos que a fórmula do candidato de consenso, que nunca foi de nosso agrado, era a menos pior".
Já Maduro disse que "o que importa é que uma nação irmã conseguiu nosso apoio".

"Faca de dois gumes"
O apoio dado à Guatemala pelos EUA e a posição francamente anti-americana da Venezuela de Hugo Chávez acabaram transformando a votação na ONU em um veredicto pró ou anti-Washington, alimentando o impasse.
A Guatemala venceu em 46 das votações realizadas, mas em nenhuma conseguiu obter a maioria de dois terços dos 192 membros da Assembléia Geral para se eleger. Em uma votação houve empate. O voto é secreto.
Para Rosenthal, o apoio dos EUA acabou se tornando uma "faca de dois gumes". "Em alguns aspectos, provavelmente prejudicou nossa campanha."
Mas a decisão de retirada foi uma derrota importante para Chávez, que havia tornado a candidatura ao CS um dos eixos de sua política externa, na tentativa de se tornar um interlocutor global.
O venezuelano havia lançado nos últimos meses uma agressiva ofensiva diplomática, baseada na troca de apoio à sua candidatura por acordos milionários no setor petroleiro em países como China e Rússia.
Porém diplomatas avaliam que o país foi prejudicado pelo discurso feito por Chávez na ONU em setembro passado, quando chamou o presidente George W. Bush de "diabo" e disse que a ONU era "antidemocrática" e "inútil".


Com agências internacionais

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