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Piloto do Enola Gay, que jogou a bomba sobre Hiroshima, morre aos 92
DO "NEW YORK TIMES"
O general-brigadeiro Paul
Tibbetts Jr., comandante e
piloto do Enola Gay, o bombardeiro B-29 que lançou a
bomba atômica contra
Hiroshima nos dias finais da
Segunda Guerra Mundial,
morreu ontem em sua casa,
em Columbus, Ohio, aos 92
anos. Sua saúde vinha em declínio, devido a uma série de
enfermidades.
Horas antes da alvorada do
dia 6 de agosto de 1945, o
Enola Gay decolou da ilha de
Tinian carregando uma bomba atômica desenvolvida sob
completo sigilo no Projeto
Manhattan. Seis horas e meia
mais tarde, o então coronel
Tibbetts, da Força Aérea do
Exército americano, conduziu o bombardeiro cujo nome
homenageava sua mãe à ponte de Aioi, no centro de
Hiroshima, que abrigava um
posto de comando do Exército Imperial japonês.
Eram 8h15min, horário local, quando a bomba que seus
criadores haviam batizado
como Little Boy foi lançada.
Quarenta e três segundos
mais tarde, a 543 metros acima do ponto de mira, ela explodiu e gerou uma conflagração nuclear que causou dezenas de milhares de mortes e
transformou boa parte de
Hiroshima, então com 250
mil habitantes, em ruínas.
Em seu livro de memórias,
Tibbets fala sobre a "visão
aterradora que nos foi exibida
quanto tomamos um curso
que nos oferecia vista lateral
da cidade devastada, em chamas". "O gigantesco cogumelo púrpura já tinha subido a
uma altitude de 13.500 metros e continuava a disparar
para o alvo, fervilhante, como
se terrivelmente vivo."
Três dias mais tarde, uma
bomba atômica ainda mais
poderosa -acionada por plutônio- foi lançada sobre Nagasaki por um B-29 pilotado
pelo major Charles Sweeney.
Em 15 de agosto, o Japão se
rendeu, pondo fim à guerra.
Os participantes dos ataques atômicos eram considerados por muitos americanos
como salvadores, por terem
evitado as imensas baixas antecipadas como resultado de
uma invasão ao Japão. Mas
terminaram por surgir questões quanto à moralidade do
uso de armas nucleares e à
justificativa do governo de
Harry Truman de que a bomba era necessária para garantir a rendição japonesa.
O general Tibbetts jamais
vacilou na defesa da missão
que comandou. "Eu estava
ansioso por executá-la. Queria fazer tudo que pudesse para derrotar o Japão. Queria
matar os bastardos. Era essa a
atitude nos EUA, naqueles
anos", disse certa vez.
Nascido em Quincy, Illinois, filho de um vendedor de
mercearia, Paul Warfield Tibbetts Jr. se alistou no corpo
aéreo do Exército em 1937.
Lutou na Europa antes de ser
destacado para comandar a
missão atômica no Japão, pela qual foi condecorado.
Quando era vice-chefe da
missão de abastecimento militar dos EUA na Índia, em
1965, um jornal pró-comunista o denunciou como "o
maior assassino do mundo".
Em 1976, ele causou protesto
do prefeito de Hiroshima ao
voar em um B-29 para uma simulação do ataque, em uma
feira de aeronáutica no Texas.
O general Tibbetts jamais
expressou arrependimento.
"Não bombardeei Pearl Harbor. Não comecei a guerra.
Mas com certeza iria terminá-la", afirmava.
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