São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2008

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Obama busca avanço em áreas hostis

Democrata faz campanha em Estados de tradição republicana; McCain anuncia reação com blitz na TV

Republicano investe em comerciais para superar propaganda de Obama na reta final e diz contar com os indecisos para avançar

FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

À frente em várias pesquisas de opinião, o candidato democrata Barack Obama decidiu intensificar sua campanha em redutos tidos como republicanos, inclusive o Estado do Arizona, onde John McCain fez sua carreira política. O republicano reagiu e anunciou uma blitz na TV com gastos que superariam em US$ 10 milhões os investimentos do adversário nesta reta final da corrida eleitoral pela Casa Branca.
A eleição nos EUA será realizada depois de amanhã, terça-feira. Os levantamentos de opinião nacionais e nos Estados mais relevantes continuam a mostrar Obama liderando. Na média calculada pelo site agregador de pesquisas Real Clear Politics, o democrata liderava ontem por 50,2% a 43,6%.
No Arizona, o último democrata a vencer foi Bill Clinton, em 1996. A última pesquisa no Estado, realizada de 28 a 30 de outubro, mostra McCain com 50% e Obama com 46%. Como a margem de erro é de quatro pontos percentuais, há empate. Há um mês, o republicano liderava por 50% a 38%.

Desestabilização
A ação de Obama visa desestabilizar a campanha adversária. Perder no Arizona seria humilhante para McCain. David Plouffe, chefe da campanha democrata, enviou e-mail a todos os militantes obamistas festejando a iniciativa de seu chefe e classificando-a como "grande oportunidade". Obama também passou a concentrar esforços em alguns outros Estados dados como republicanos: Geórgia e Dakota do Norte.
Nos EUA não há horário eleitoral bancado pelo Estado. Os candidatos pagam com recursos próprios suas inserções na TV e no rádio. Por essa razão, quando um político decide gastar dinheiro em um determinado Estado é porque acha que tem chances de vencer ali.
A campanha de McCain reagiu à investida no Arizona. "Nós os encorajamos a escolher outros Estados nos quais temos intenção de vencer e eles podem redistribuir o dinheiro da campanha deles", disse Rick Davis, coordenador republicano. Foi uma ironia com uma expressão presente nos últimos dias nos discursos dos candidatos. Para explicar sua proposta de cobrar mais impostos dos mais ricos, Obama disse a um eleitor -agora conhecido como "Joe, o encanador"- ser necessário "distribuir a riqueza".
Davis enviou um longo e-mail para todos os repórteres que cobrem a campanha de McCain. Em tom às vezes amargo, reclamou da cobertura. "Se a sua televisão estiver sintonizada nos canais de notícias a cabo como as nossas TVs estão aqui no comando da campanha, você deve ter visto os analistas dizendo que John McCain já era."

"Competitiva"
Marcado com o título "o esforço final", o e-mail de Davis lista uma série argumentos para sustentar que a eleição presidencial continua "muito competitiva". Eis os seus principais argumentos:
1) Indecisos: uma pesquisa da Associated Press mostra que "um em cada sete eleitores está indeciso". Assim, "se os 130 milhões de eleitores aptos a votar comparecerem às urnas na terça-feira, 18,5 milhões ainda estão em fase de tomarem uma decisão";
2) Pesquisas nacionais: na semana retrasada, a maioria das pesquisas mostravam McCain perdendo por uma diferença de dois dígitos. Na última quarta-feira, "nós estávamos atrás dentro da margem de erro de quatro pesquisas", diz Davis. Menciona o levantamento do Gallup, no qual por dias os candidatos ficaram "virtualmente empatados";
3) Estados: ao comprar horário de TV em Dakota do Norte, Geórgia e Arizona, Obama estaria tendo um comportamento errático. "Ele está tentando uma expansão em novos Estados nas horas finais e isso mostra que ele não tem votos para vencer", argumenta Davis;
4) Esforço final: amanhã, os republicanos farão comícios em 14 estados. A candidata a vice-presidente, Sarah Palin, visitará Ohio, Missouri, Iowa, Colorado, Nevada e Alasca. McCain estará na Flórida, Virgínia, Pensilvânia, Indiana, Novo México e Nevada, terminando o dia no Arizona.
Os republicanos vão usar o mesmo esquema de George W. Bush em 2004, com milhares de pessoas indo até as casas dos eleitores e incentivando-os a votar -pois o voto não é obrigatório nos EUA nem o dia da eleição é um feriado.


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