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Obama busca avanço em áreas hostis
Democrata faz campanha em Estados de tradição republicana; McCain anuncia reação com blitz na TV
Republicano investe em comerciais para superar propaganda de Obama na reta final e diz contar com
os indecisos para avançar
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
À frente em várias pesquisas
de opinião, o candidato democrata Barack Obama decidiu intensificar sua campanha em redutos tidos como republicanos,
inclusive o Estado do Arizona,
onde John McCain fez sua carreira política. O republicano
reagiu e anunciou uma blitz na
TV com gastos que superariam
em US$ 10 milhões os investimentos do adversário nesta reta final da corrida eleitoral pela
Casa Branca.
A eleição nos EUA será realizada depois de amanhã, terça-feira. Os levantamentos de opinião nacionais e nos Estados
mais relevantes continuam a
mostrar Obama liderando. Na
média calculada pelo site agregador de pesquisas Real Clear
Politics, o democrata liderava
ontem por 50,2% a 43,6%.
No Arizona, o último democrata a vencer foi Bill Clinton,
em 1996. A última pesquisa no
Estado, realizada de 28 a 30 de
outubro, mostra McCain com
50% e Obama com 46%. Como
a margem de erro é de quatro
pontos percentuais, há empate.
Há um mês, o republicano liderava por 50% a 38%.
Desestabilização
A ação de Obama visa desestabilizar a campanha adversária. Perder no Arizona seria humilhante para McCain. David
Plouffe, chefe da campanha democrata, enviou e-mail a todos
os militantes obamistas festejando a iniciativa de seu chefe e
classificando-a como "grande
oportunidade". Obama também passou a concentrar esforços em alguns outros Estados
dados como republicanos:
Geórgia e Dakota do Norte.
Nos EUA não há horário eleitoral bancado pelo Estado. Os
candidatos pagam com recursos próprios suas inserções na
TV e no rádio. Por essa razão,
quando um político decide gastar dinheiro em um determinado Estado é porque acha que
tem chances de vencer ali.
A campanha de McCain reagiu à investida no Arizona.
"Nós os encorajamos a escolher
outros Estados nos quais temos
intenção de vencer e eles podem redistribuir o dinheiro da
campanha deles", disse Rick
Davis, coordenador republicano. Foi uma ironia com uma expressão presente nos últimos
dias nos discursos dos candidatos. Para explicar sua proposta
de cobrar mais impostos dos
mais ricos, Obama disse a um
eleitor -agora conhecido como
"Joe, o encanador"- ser necessário "distribuir a riqueza".
Davis enviou um longo e-mail para todos os repórteres
que cobrem a campanha de
McCain. Em tom às vezes
amargo, reclamou da cobertura. "Se a sua televisão estiver
sintonizada nos canais de notícias a cabo como as nossas TVs
estão aqui no comando da campanha, você deve ter visto os
analistas dizendo que John
McCain já era."
"Competitiva"
Marcado com o título "o esforço final", o e-mail de Davis
lista uma série argumentos para sustentar que a eleição presidencial continua "muito competitiva". Eis os seus principais
argumentos:
1) Indecisos: uma pesquisa da
Associated Press mostra que
"um em cada sete eleitores está
indeciso". Assim, "se os 130 milhões de eleitores aptos a votar
comparecerem às urnas na terça-feira, 18,5 milhões ainda estão em fase de tomarem uma
decisão";
2) Pesquisas nacionais: na semana retrasada, a maioria das
pesquisas mostravam McCain
perdendo por uma diferença de
dois dígitos. Na última quarta-feira, "nós estávamos atrás
dentro da margem de erro de
quatro pesquisas", diz Davis.
Menciona o levantamento do
Gallup, no qual por dias os candidatos ficaram "virtualmente
empatados";
3) Estados: ao comprar horário de TV em Dakota do Norte,
Geórgia e Arizona, Obama estaria tendo um comportamento
errático. "Ele está tentando
uma expansão em novos Estados nas horas finais e isso mostra que ele não tem votos para
vencer", argumenta Davis;
4) Esforço final: amanhã, os
republicanos farão comícios
em 14 estados. A candidata a vice-presidente, Sarah Palin, visitará Ohio, Missouri, Iowa,
Colorado, Nevada e Alasca.
McCain estará na Flórida, Virgínia, Pensilvânia, Indiana, Novo México e Nevada, terminando o dia no Arizona.
Os republicanos vão usar o
mesmo esquema de George W.
Bush em 2004, com milhares
de pessoas indo até as casas dos
eleitores e incentivando-os a
votar -pois o voto não é obrigatório nos EUA nem o dia da
eleição é um feriado.
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