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Crise financeira dá fôlego a líderes europeus em baixa
Ações rápidas para resgatar bancos melhoram imagem de governantes como Merkel, Berlusconi, Brown e Sarkozy
Antes com apoio em queda, alemã e italiano passam a ser bem vistos, enquanto britânico e francês reduzem rejeição; só Zapatero vai mal
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise econômica e financeira favoreceu governantes europeus que atravessavam momentos críticos em seus índices
de aprovação. Há uma lógica
nisso. Como a tentativa de apagar o incêndio consistiu numa
violenta intervenção do Estado, presidentes e primeiros-ministros foram recompensados como bombeiros eficientes.
Peguemos o exemplo de Nicolas Sarkozy, que registrava
um constante declínio em sua
aprovação. Pesquisa do instituto Ifop publicada pelo "Journal
du Dimanche" deu a ele seis
pontos a mais de taxa de confiança. Chegou a 43%. Os que o
desaprovam são ainda maioria,
56%, mas somavam 62% em setembro.
Ele aprovou um pacote de
US$ 450 bilhões para socorrer
bancos e pequenas empresas
endividadas. E anunciou um
plano para criar 100 mil novos
empregos subsidiados pelo Estado -que passará a cobrir parte dos encargos patronais.
O presidente francês exerce a
presidência rotativa da União
Européia. Conseguiu em agosto negociar um cessar-fogo na
Geórgia e, em seguida, uma solução para reverter os resultados do referendo na Irlanda,
que rejeitou o Tratado de Lisboa, espécie de lei orgânica do
bloco de 27 países.
Mas eram questões menos
excitantes. Sarkozy só voltou a
crescer quando os franceses
perceberam que ele se mexeu
para diminuir os efeitos da crise mundial no orçamento das
famílias. Viajou aos Estados
Unidos para discutir a economia, em nome da Europa, com
o presidente George W. Bush. E
presidiu um Conselho Europeu, reunião semestral dos governantes do bloco, em que a
crise encabeçava a agenda.
Nova chance a Brown
Outro beneficiado foi o premiê britânico, Gordon Brown.
Se a Câmara dos Comuns fosse
hoje renovada, seus adversários do Partido Conservador
formariam o novo governo.
Mas a diferença entre conservadores e trabalhistas caiu de
19 para 8 pontos.
Brown, que foi ministro das
Finanças de seu antecessor,
Tony Blair, deixou de lado o
dogma do equilíbrio fiscal (haverá um aumento extraordinário nos gastos com habitação e
defesa) e, junto a Alastair Darling, ministro das Finanças, e
Mervyn King, governador do
Banco da Inglaterra, o BC britânico, cortou juros e montou um
pacote que pode chegar a US$
870 bilhões em favor do setor
financeiro. E ainda estatizou
parcialmente três bancos, o Royal Bank of Scotland, o Lloyds
TSB e o HBOS.
A Alemanha tem eleições legislativas marcadas para setembro de 2009. Angela Merkel e o bloco conservador que
ela lidera (União dos Democratas-Cristãos e União Social
Cristã) tinham no início de setembro 48% das intenções de
voto, que subiram cinco pontos, a 53%. Em termos de aprovação pessoal ela foi de 63% a
69%. É a favorita diante de
Frank-Walter Steinmeier, ministro das Relações Exteriores
e candidato do SPD (Partido
Social Democrata) ao governo.
A chanceler, disse à agência
Bloomberg o encarregado de
um instituto de pesquisas,
Manfred Guellner, convenceu
facilmente os alemães de que,
ao auxiliar os bancos, o governo
defendia os interesses concretos dos cidadãos. "Era exatamente o que as pessoas queriam ouvir", segundo Guellner.
O pacote financeiro de Merkel é de US$ 643 bilhões. É dinheiro federal e dos Estados,
cujos governantes se revoltaram, mas acabarão pagando a
sua parcela.
Silvio Berlusconi, na Itália,
teve sua aprovação aumentada
em sete pontos em três meses e
foi a 62%, segundo a IPR Marketing, que faz pesquisa para o
"La Repubblica". Passou por
um mobilizador, ao propor um
fundo conjunto europeu (a
idéia não pegou), ao prometer
que nenhum italiano perderia
dinheiro na poupança e ao destinar 20 bilhões aos bancos.
Na Espanha, o premiê socialista José Luiz Rodríguez Zapatero deixou a oposição de direita desconcertada com o plano
de gastar de 10 bilhões a 30
bilhões na compra de ativos
bancários. Mas ele não está
bem nas pesquisas. É aprovado
por 38,9% dos espanhóis e empataria em pouco mais de 39%
com os conservadores em caso
de eleições antecipadas.
A crise beneficiou o governo
até na pequena Bélgica, onde o
premiê Yves Leterme, um cristão-democrata flamengo, tem
agora o apoio de 63% de seus
compatriotas de língua francesa -com os quais tinha uma relação conflitiva.
Leterme socorreu o banco
Dexia e pilotou a transferência
de outro banco, o Fortis, para o
controle do BNP-Paribas. Os
dois estavam quebrados.
Com agências internacionais
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