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RACISMO
Votação pode negar ou selar estereótipo
Do enviado à Virgínia
O resultado das eleições de terça-feira promete redefinir o fator racial -ou confirmar o estereótipo.
Parte dos analistas defende
que, numa corrida presidencial
entre um candidato branco e
um negro, os indecisos optam
pelo primeiro. Isso explicaria,
por exemplo, a investida de última hora da campanha de
John McCain em eventos na
Pensilvânia, mesmo com todas
as pesquisas públicas de intenção de voto dando o Estado como "solidamente" pró-Obama.
Quem defende a tese é o consultor político republicano Bill
Greener. O candidato negro,
diz ele, tem de ser tratado como
aquele que ocupa o cargo: se
não estiver acima dos 50% nas
pesquisas, quem ganha é o outro (o da oposição, numa corrida entre brancos, ou o branco,
numa corrida como a atual).
Ele cita estudo de Adam Berinski, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), segundo o qual alguns entrevistados, quando confrontados com
uma pergunta racial, tendem a
responder "eu não sei" em vez
de falar o que imaginam que seja politicamente incorreto.
Não por racismo, mas por
medo de parecer racista. Assim,
se o pesquisado pensa que o
"certo" é responder que ele vai
votar em Obama, mas na verdade pretende votar em McCain,
é grande a chance de responder
que está indeciso.
Dizendo que é uma "velha regra da política", Greene avisa:
"Preste atenção às pesquisas
em que Obama aparece com
menos de 50%. Se estiver casado com boa porcentagem de
eleitores se dizendo indecisos,
McCain está no páreo."
Até a conclusão desta edição,
na quinta-feira à noite, o site
agregador de pesquisas Real
Clear Politics dava vantagem a
Obama nos dois Estados-chave
mais importantes, Flórida e
Ohio. Mas os indecisos eram
respectivamente 7% e 7,6%, e
em nenhum deles o democrata
tinha mais de 50%.
A diferença na corrida atual,
respondem os que atacam essa
tese, está na frase "velha regra
da política". Ela não vale para
um candidato como Obama,
pois ele se apresenta ao eleitorado e é percebido pela maioria
dele como "pós-racial". É o "fator Obama". "Com a exceção
dos supremacistas brancos,
que são ínfima minoria, os eleitores brancos enxergam Obama como o candidato mais capacitado para ser presidente
que, por acaso, é negro", disse à
Folha Dwight Hopkins, da
Universidade de Chicago, especializado em teologia negra.
Como argumento, ele cita as
eleições a que o candidato concorreu até hoje, primeiro como
senador estadual em Illinois,
depois senador federal por
aquele Estado. "As pessoas que
elegeram Obama até hoje são
na maioria brancas."
(SD)
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