São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2008

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RACISMO

Votação pode negar ou selar estereótipo

Do enviado à Virgínia

O resultado das eleições de terça-feira promete redefinir o fator racial -ou confirmar o estereótipo.
Parte dos analistas defende que, numa corrida presidencial entre um candidato branco e um negro, os indecisos optam pelo primeiro. Isso explicaria, por exemplo, a investida de última hora da campanha de John McCain em eventos na Pensilvânia, mesmo com todas as pesquisas públicas de intenção de voto dando o Estado como "solidamente" pró-Obama.
Quem defende a tese é o consultor político republicano Bill Greener. O candidato negro, diz ele, tem de ser tratado como aquele que ocupa o cargo: se não estiver acima dos 50% nas pesquisas, quem ganha é o outro (o da oposição, numa corrida entre brancos, ou o branco, numa corrida como a atual).
Ele cita estudo de Adam Berinski, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), segundo o qual alguns entrevistados, quando confrontados com uma pergunta racial, tendem a responder "eu não sei" em vez de falar o que imaginam que seja politicamente incorreto.
Não por racismo, mas por medo de parecer racista. Assim, se o pesquisado pensa que o "certo" é responder que ele vai votar em Obama, mas na verdade pretende votar em McCain, é grande a chance de responder que está indeciso.
Dizendo que é uma "velha regra da política", Greene avisa: "Preste atenção às pesquisas em que Obama aparece com menos de 50%. Se estiver casado com boa porcentagem de eleitores se dizendo indecisos, McCain está no páreo."
Até a conclusão desta edição, na quinta-feira à noite, o site agregador de pesquisas Real Clear Politics dava vantagem a Obama nos dois Estados-chave mais importantes, Flórida e Ohio. Mas os indecisos eram respectivamente 7% e 7,6%, e em nenhum deles o democrata tinha mais de 50%.
A diferença na corrida atual, respondem os que atacam essa tese, está na frase "velha regra da política". Ela não vale para um candidato como Obama, pois ele se apresenta ao eleitorado e é percebido pela maioria dele como "pós-racial". É o "fator Obama". "Com a exceção dos supremacistas brancos, que são ínfima minoria, os eleitores brancos enxergam Obama como o candidato mais capacitado para ser presidente que, por acaso, é negro", disse à Folha Dwight Hopkins, da Universidade de Chicago, especializado em teologia negra.
Como argumento, ele cita as eleições a que o candidato concorreu até hoje, primeiro como senador estadual em Illinois, depois senador federal por aquele Estado. "As pessoas que elegeram Obama até hoje são na maioria brancas." (SD)


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