São Paulo, segunda-feira, 02 de novembro de 2009

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Secretária dos EUA vigiará pacto de Honduras

Hilda Solis (Trabalho), comporá, ao lado de ex-presidente chileno Ricardo Lagos, Comissão de Verificação do acordo

Anúncio ocorre em meio a divergências entre Zelaya e Micheletti sobre prazo para votação no Congresso de restituição de líder deposto

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA

O governo dos EUA enviará a Honduras a secretária de Trabalho, Hilda Solis, para fiscalizar o cumprimento do acordo assinado na sexta-feira sobre a restituição do presidente deposto Manuel Zelaya.
Solis e o ex-presidente do Chile Ricardo Lagos (2000-2006) serão os dois representantes internacionais da Comissão de Verificação, que será instalada hoje, sob supervisão da OEA (Organização dos Estados Americanos), para acompanhar o cumprimento do cronograma previsto no acordo. Os outros dois membros da comissão foram indicados por Zelaya e pelo presidente interino, Roberto Micheletti.
Nascida na Califórnia e filha de pais nicaraguense e mexicano, Solis, 52, foi deputada pelo seu Estado natal desde 2000 até este ano, quando se tornou a primeira hispânica a integrar um gabinete americano.
Segundo fontes da OEA, a indicação de Solis ocorreu por pressão do governo Barack Obama, que mediou o acordo e agora tem interesse em acompanhar o seu cumprimento até o final -pelo cronograma, isso será na quinta-feira, com a instalação de um "governo de unidade e reconciliação".
A notícia da indicação de Solis chegou anteontem e foi comemorada por Zelaya, que aposta na pressão americana para voltar à Presidência.
Solis chegará em meio a um primeiro impasse entre o presidente deposto e o governo interino. Aliados de Micheletti, que controlam a direção do Congresso, afirmam que o acordo não estabelece um prazo para a votação e que ela só ocorrerá depois da quinta-feira e após consultas à Corte Suprema de Justiça e outras instâncias.
Em resposta, Zelaya afirma que, se não houver a votação até quinta-feira, o acordo estará rompido, pois ele não aceitará participar da montagem de um governo de unidade.
Procurado pela Folha, o enviado da OEA a Tegucigalpa, o boliviano Victor Rico, disse, por telefone, que "o que estabelece o acordo é um prazo para a conformação de um governo de unidade nacional. Nós não podemos interpretar o acordo". Ele se recusou a ser mais específico, alegando que "se trata de um tema que está gerando demasiado debate".
O ponto cinco, que condiciona a volta de Zelaya à aprovação pelo Congresso, não especifica um prazo para a votação. Já o cronograma menciona quinta-feira como o último dia para a "conformação e instalação do governo de unidade e reconciliação nacional".
Até ontem à tarde, a Presidência do Congresso, que está em recesso, não fez nenhuma convocação para discutir o acordo. Em comparação, no dia 28 de junho, um domingo, o Congresso votou a deposição à tarde, horas depois de Zelaya ter sido expulso do país.
Para ganhar no Congresso, Zelaya aposta no apoio do Partido Nacional, que tem a segunda bancada, com 55 deputados (o Parlamento é unicameral) e em cerca de 15 a 20 deputados do seu partido, o Liberal -a maioria desses votos havia apoiado a sua restituição.
Segundo o jornal espanhol "El País", o enviado americano a Tegucigalpa, Thomas Shannon, firmou na semana passada um pacto com o candidato nacionalista, Porfírio "Pepe" Lobo, favorito para as eleições do dia 29, para que sua bancada apoie a restituição de Zelaya em troca do reconhecimento de um eventual governo seu.


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