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Secretária dos EUA vigiará pacto de Honduras
Hilda Solis (Trabalho), comporá, ao lado de ex-presidente chileno Ricardo Lagos, Comissão de Verificação do acordo
Anúncio ocorre em meio a divergências entre Zelaya e Micheletti sobre prazo para votação no Congresso de restituição de líder deposto
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA
O governo dos EUA enviará a
Honduras a secretária de Trabalho, Hilda Solis, para fiscalizar o cumprimento do acordo
assinado na sexta-feira sobre a
restituição do presidente deposto Manuel Zelaya.
Solis e o ex-presidente do
Chile Ricardo Lagos (2000-2006) serão os dois representantes internacionais da Comissão de Verificação, que será
instalada hoje, sob supervisão
da OEA (Organização dos Estados Americanos), para acompanhar o cumprimento do cronograma previsto no acordo.
Os outros dois membros da comissão foram indicados por Zelaya e pelo presidente interino,
Roberto Micheletti.
Nascida na Califórnia e filha
de pais nicaraguense e mexicano, Solis, 52, foi deputada pelo
seu Estado natal desde 2000
até este ano, quando se tornou
a primeira hispânica a integrar
um gabinete americano.
Segundo fontes da OEA, a indicação de Solis ocorreu por
pressão do governo Barack
Obama, que mediou o acordo e
agora tem interesse em acompanhar o seu cumprimento até
o final -pelo cronograma, isso
será na quinta-feira, com a instalação de um "governo de unidade e reconciliação".
A notícia da indicação de Solis chegou anteontem e foi comemorada por Zelaya, que
aposta na pressão americana
para voltar à Presidência.
Solis chegará em meio a um
primeiro impasse entre o presidente deposto e o governo interino. Aliados de Micheletti, que
controlam a direção do Congresso, afirmam que o acordo
não estabelece um prazo para a
votação e que ela só ocorrerá
depois da quinta-feira e após
consultas à Corte Suprema de
Justiça e outras instâncias.
Em resposta, Zelaya afirma
que, se não houver a votação
até quinta-feira, o acordo estará rompido, pois ele não aceitará participar da montagem de
um governo de unidade.
Procurado pela Folha, o enviado da OEA a Tegucigalpa, o
boliviano Victor Rico, disse,
por telefone, que "o que estabelece o acordo é um prazo para a
conformação de um governo de
unidade nacional. Nós não podemos interpretar o acordo".
Ele se recusou a ser mais específico, alegando que "se trata de
um tema que está gerando demasiado debate".
O ponto cinco, que condiciona a volta de Zelaya à aprovação pelo Congresso, não especifica um prazo para a votação.
Já o cronograma menciona
quinta-feira como o último dia
para a "conformação e instalação do governo de unidade e reconciliação nacional".
Até ontem à tarde, a Presidência do Congresso, que está
em recesso, não fez nenhuma
convocação para discutir o
acordo. Em comparação, no dia
28 de junho, um domingo, o
Congresso votou a deposição à
tarde, horas depois de Zelaya
ter sido expulso do país.
Para ganhar no Congresso,
Zelaya aposta no apoio do Partido Nacional, que tem a segunda bancada, com 55 deputados
(o Parlamento é unicameral) e
em cerca de 15 a 20 deputados
do seu partido, o Liberal -a
maioria desses votos havia
apoiado a sua restituição.
Segundo o jornal espanhol
"El País", o enviado americano
a Tegucigalpa, Thomas Shannon, firmou na semana passada um pacto com o candidato
nacionalista, Porfírio "Pepe"
Lobo, favorito para as eleições
do dia 29, para que sua bancada
apoie a restituição de Zelaya
em troca do reconhecimento
de um eventual governo seu.
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