São Paulo, terça-feira, 02 de novembro de 2010

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O IMPÉRIO VOTA

Republicanos ganham força, mas racham

Eleitores americanos vão às urnas hoje para votar em deputados e senadores e para escolher 37 governadores

No Congresso, pesquisa indica vitória do partido de oposição a Obama por vantagem de oito pontos percentuais

FotosWinMcNamee/France Presse
Eleitor democrata exibe cartaz com a mensagem ‘Obama é meu herói’ em frente a ônibus do Tea Party em Waterbury, no Estado de Connecticut, nos EUA

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Os americanos votam hoje para o Congresso dos EUA com expectativa de vitória dos republicanos, que deverão retomar maioria ao menos na Câmara. Mas o partido não será o mesmo dos últimos dois anos -e os pontos de tensão já são bem visíveis.
Depois de oscilarem entre rejeitar os ultraconservadores que ameaçaram o "establishment" e usar sua excitação para ganhar votos, os republicanos chegam ao final da campanha mais divididos do que o grupo que cerrou fileiras contra o presidente Barack Obama desde 2009.
A briga interna de foices apareceu nas próprias campanhas, com candidatos novatos que não receberam endosso dos líderes partidários.
O futuro da unidade do partido vai depender do tamanho da vitória de hoje. As últimas pesquisas mostram a oposição mais de oito pontos à frente no voto genérico para o Congresso -50% a 41,7%, segundo média do site Real Clear Politics.
Estão em disputa 37 das 100 vagas do Senado, todas as 435 da Câmara e 37 governos estaduais. Só no Senado democratas parecem resistir ao avanço da oposição.
Um ponto que fará toda a diferença será o comparecimento às urnas. Tipicamente, no máximo 40% dos eleitores registrados (cerca de 150 milhões) aparecem para votar para o Congresso no meio de um mandato presidencial. A expectativa para este ano é de 35%.
À espera dos novos membros do Congresso, a alta burocracia do partido e seus colaboradores afirmam que têm duas tarefas após a eleição: "cooptar" os novos membros e controlar as ondas ultraconservadoras, pró-Sarah Palin, antes de 2012.
A liderança quer evitar duas coisas: uma imagem radical demais, o que atrapalha a disputa pela Presidência, e um racha interno caso novatos tentem propostas "inaceitáveis" como a privatização da seguridade social.
O senador Richard Lugar, mais alto republicano na comissão de Relações Exteriores da Casa, admitiu que seus correligionários pós-2011 "não terão a mesma disciplina que tivemos nos últimos dois anos".
Trent Lott, ex-líder do Senado e hoje influente lobista em Washington, foi ainda mais explícito. "Não precisamos de um monte de discípulos de Jim DeMint [senador e patrono dos ativistas ultraconservadores do Tea Party]", disse. "Assim que chegarem aqui, vamos ter que cooptá-los."
Animosidade é recíproca, com os ultradireitistas criticando o "elitismo de clube de campo" do establishment.
A situação chegou ao ponto de o presidente do Comitê Nacional Republicano, Michael Steele, pedir aos republicanos que "calem a boca". "Todo esse dissenso e frustração dentro do partido não ajuda em nada", afirmou.
Para Alexander Keyssar, analista político da Universidade Harvard, será inevitável uma disputa interna por poder e um potencial problema de relações públicas.
"Em termos legislativos, porém, não deve haver tanto dissenso, porque todos vão seguir se opondo à Casa Branca", declarou Keyssar. "Se congressistas do Tea Party tentarem promover agendas radicais demais, os líderes simplesmente não permitirão um voto."


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