São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2008

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Justiça diz hoje se premiê tailandês segue no cargo

Explosão em aeroporto tomado provoca 1 morte

DA REDAÇÃO

A Corte Constitucional da Tailândia pode promover hoje o desejo dos manifestantes que ocupam o principal aeroporto do país há quase uma semana e o prédio do gabinete do primeiro-ministro há mais de três meses. Três partidos da coalizão do governo estão sujeitos à dissolução, se o tribunal os considerar culpados de fraude eleitoral (são acusados de comprar votos) no pleito de 2007.
Nesse caso, seus membros (inclusive o premiê Somchai Wongsawat, cuja renúncia é condicionada pelos manifestantes ao fim dos protestos) perdem os mandatos e ficarão inelegíveis por cinco anos.
A condução de Somchai ao cargo aconteceu em setembro, após outra decisão da Corte Constitucional. O então premiê, Samak Sundaravej, foi afastado por quebra do decoro -apareceu em programa culinário na TV enquanto já ocupara o posto. A decisão também se sucedeu a semanas de protestos contra Samak.
Na noite de ontem (horário de Brasília), a explosão de uma bomba no aeroporto de Don Muang, tomado por manifestantes, causou uma morte.

Vermelhos x Amarelos
Para coibir o que qualificam como um "golpe silencioso" da Justiça, cerca de 4.000 partidários do governo se juntaram diante da Prefeitura de Bancoc ontem e prometeram permanecer lá até quinta-feira. Vestidos de vermelho, eles integram a UDD, sigla pela qual é conhecida a Frente Unida pela Democracia Contra a Ditadura.
A saída de grupos pró-governo às ruas da capital do país gerou receio de choques, na medida em que líderes da APD (Aliança do Povo pela Democracia), organizadora dos manifestantes de camisas amarelas, acirraram o discurso. "Se tivermos que morrer, estou disposto a morrer", ameaçou Sondhi Limthongkul.
"A Tailândia está começando a sair do controle. A UDD poderia promover sua própria baderna e então quem pode pará-los? Só Thaksin [Shinawatra]", afirmou ao "Bangkok Post" o cientista político da Universidade Chulalongkorn Thitinan Pongsudhirak, citando o ex-primeiro-ministro, que, mesmo no exílio, é figura-chave da atual crise que atravessa o país.
Acusado de corrupção e deposto em 2006 por um golpe militar -o 18º em 76 anos de monarquia constitucional- Thaksin, que é cunhado de Somchai e cujo apoio fora decisivo para a eleição de Samak, é acusado pela APD de ditar as ações da coalizão governista, liderada pelo seu PPP (Partido do Poder Popular), que pode ser dissolvido hoje.
Apesar do termo "democrático" em sua sigla, a APD, que reúne a elite urbana e tem maior penetração em cidades, como Bancoc e Phuket, exige mudanças no atual sistema político, com indicação da maioria dos membros do Parlamento por entidades de classe.
A entidade se autodefine como defensora da monarquia e ontem acenou com a hipótese de desocupar a Casa do Governo, para concentrar seus manifestantes no aeroporto internacional, o quarto maior da Ásia.
Isolado na cidade nortista de Chiang Mai, Somchai, que ontem visitou um templo, não aparenta ter o respaldo do rei Bhumibol Adulyadej nem das Forças Armadas. O rei nunca se posicionou publicamente a favor do governo e o chefe do Exército já aconselhou a convocação de novas eleições.


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