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Reforma policial é crucial para a retirada
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
O avanço da missão no Afeganistão não estará completo sem
que seja implementada uma reforma eficaz da polícia afegã,
afirmam especialistas. A criação de uma polícia preparada
para defender a população local
é premissa necessária para que
os EUA tenham condições de
sair do país no futuro.
Segundo Marc Schneider, vice-presidente sênior do International Crisis Group, sem um
investimento maior em treinamento, capacitação e monitoramento da força policial dificilmente o país se tornará mais
seguro e menos suscetível à
ação de grupos insurgentes.
Michael O'Hanlon, pesquisador do Instituto Brookings, relata que, nos últimos anos, apenas 20% a 25% dos policiais foram treinados antes de começar a trabalhar -e muitos abandonam o cargo porque os insurgentes pagam melhor.
No final do mês passado, o
Afeganistão aprovou um aumento salarial de cerca de 40%
para policiais e militares.Os salários devem aumentar cerca
de US$ 45 e chegar a US$ 165
para um novo recruta, por
exemplo. O país depende de recursos externos para os salários
das forças de segurança e conta
com 95 mil soldados afegãos e
93 mil policiais. "Temos um
Afeganistão que será capaz de
se defender com suas próprias
forças", diz o ministro do Interior, Hanif Atmar.
O general Stanley
McChrystal, comandante das
forças americanas e da Otan no
Afeganistão, defende o aumento da força policial para até 160
mil e dos soldados para um patamar de 240 mil, o que ainda
pode demorar anos.
O presidente do Afeganistão,
Hamid Karzai, já disse que em
cinco anos o país estaria pronto
para assumir sua segurança,
prazo tido pelos EUA como
"ambicioso". Um dos principais
problemas a enfrentar na polícia e no próprio governo é a corrupção. Queixas de extorsão
são comuns.
Segundo Schneider, salários
mais altos não resolvem a questão. "É preciso assegurar que o
pagamento chegará ao policial
e não será confiscado por superiores. É necessário ainda garantir que as pessoas listadas
na folha de pagamento de fato
estejam lá prestando o serviço".
Para Schneider, o país precisa adotar mecanismos contra a
corrupção, como checagem de
antecedentes de indicados para
cargos de confiança e maior esforço para processar acusados
por tráfico de drogas.
No Iraque, o avanço no treinamento da polícia local foi
crucial na definição de um prazo de retirada.
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