São Paulo, quarta-feira, 02 de dezembro de 2009

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Reforma policial é crucial para a retirada

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O avanço da missão no Afeganistão não estará completo sem que seja implementada uma reforma eficaz da polícia afegã, afirmam especialistas. A criação de uma polícia preparada para defender a população local é premissa necessária para que os EUA tenham condições de sair do país no futuro.
Segundo Marc Schneider, vice-presidente sênior do International Crisis Group, sem um investimento maior em treinamento, capacitação e monitoramento da força policial dificilmente o país se tornará mais seguro e menos suscetível à ação de grupos insurgentes.
Michael O'Hanlon, pesquisador do Instituto Brookings, relata que, nos últimos anos, apenas 20% a 25% dos policiais foram treinados antes de começar a trabalhar -e muitos abandonam o cargo porque os insurgentes pagam melhor.
No final do mês passado, o Afeganistão aprovou um aumento salarial de cerca de 40% para policiais e militares.Os salários devem aumentar cerca de US$ 45 e chegar a US$ 165 para um novo recruta, por exemplo. O país depende de recursos externos para os salários das forças de segurança e conta com 95 mil soldados afegãos e 93 mil policiais. "Temos um Afeganistão que será capaz de se defender com suas próprias forças", diz o ministro do Interior, Hanif Atmar.
O general Stanley McChrystal, comandante das forças americanas e da Otan no Afeganistão, defende o aumento da força policial para até 160 mil e dos soldados para um patamar de 240 mil, o que ainda pode demorar anos.
O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, já disse que em cinco anos o país estaria pronto para assumir sua segurança, prazo tido pelos EUA como "ambicioso". Um dos principais problemas a enfrentar na polícia e no próprio governo é a corrupção. Queixas de extorsão são comuns.
Segundo Schneider, salários mais altos não resolvem a questão. "É preciso assegurar que o pagamento chegará ao policial e não será confiscado por superiores. É necessário ainda garantir que as pessoas listadas na folha de pagamento de fato estejam lá prestando o serviço".
Para Schneider, o país precisa adotar mecanismos contra a corrupção, como checagem de antecedentes de indicados para cargos de confiança e maior esforço para processar acusados por tráfico de drogas.
No Iraque, o avanço no treinamento da polícia local foi crucial na definição de um prazo de retirada.


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