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Mujica se volta ao Brasil por questão de energia uruguaia
Presidente eleito promove projeto de interconexão elétrica, que evitaria importação de energia brasileira via Argentina
Uruguaio se encontrou com embaixador brasileiro em Montevidéu em preparação para reunião com Lula, que ocorrerá na próxima terça
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A MONTEVIDÉU
"Temos problemas de sobra,
mas estamos bem na relação
com o Brasil", afirmou à Folha
o presidente eleito do Uruguai,
José Mujica, após se encontrar
ontem, em Montevidéu, com o
embaixador brasileiro no Uruguai, José Felicio.
O funcionamento do Mercosul e um entrave imposto pela
Argentina a um plano de cooperação energética entre Uruguai e Brasil foram tratados no
encontro, preparatório para
reunião entre Mujica e Lula, na
próxima terça -ele também se
reúnirá com a presidente argentina Cristina Kirchner.
Mujica sinalizou que proporá a Lula flexibilizar o Mercosul. "Talvez tenhamos que articular políticas que levem em
conta as assimetrias [entre os
países-membros]", disse .
"Por sermos um país pequeno, somos propensos a ter uma
atitude mais aberta [ao comércio extrazona], mas países
grandes como o Brasil têm outro tipo de problema", afirmou.
O principal tema da pauta
deverá ser o projeto de "interconexão elétrica" entre Brasil e
Uruguai, que dispensaria o vizinho de importar energia brasileira via Argentina, o que eleva os custos da operação.
Para concretizar o projeto,
Brasil e Uruguai haviam acordado empréstimo de US$ 80
milhões, via um fundo de investimentos do Mercosul irrigado por verba brasileira.
A Argentina vetou o investimento em represália ao atrito
que mantém com o Uruguai em
torno da instalação de uma fábrica de celulose na fronteira,
aprovada por Montevidéu sem
consentimento argentino.
Mujica disse que irá "lutar
muito para melhorar a relação
com a Argentina, que é determinante para o Uruguai".
O fato de Mujica haver tomado a iniciativa do encontro indica, para o embaixador brasileiro, "a importância que ele dá
à relação entre os dois países".
Mujica confirmou ainda querer a presença da oposição em
seu ministério. "Tentaremos
estabelecer os acordos maiores. Se não for possível, faremos os médios e pequenos."
A alternativa, em caso de recusa da oposição ou veto de sua
legenda ao acordo, seria a presidência de estatais e o segundo
escalão.
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