São Paulo, quarta-feira, 02 de dezembro de 2009

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Mujica se volta ao Brasil por questão de energia uruguaia

Presidente eleito promove projeto de interconexão elétrica, que evitaria importação de energia brasileira via Argentina

Uruguaio se encontrou com embaixador brasileiro em Montevidéu em preparação para reunião com Lula, que ocorrerá na próxima terça


SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A MONTEVIDÉU

"Temos problemas de sobra, mas estamos bem na relação com o Brasil", afirmou à Folha o presidente eleito do Uruguai, José Mujica, após se encontrar ontem, em Montevidéu, com o embaixador brasileiro no Uruguai, José Felicio.
O funcionamento do Mercosul e um entrave imposto pela Argentina a um plano de cooperação energética entre Uruguai e Brasil foram tratados no encontro, preparatório para reunião entre Mujica e Lula, na próxima terça -ele também se reúnirá com a presidente argentina Cristina Kirchner.
Mujica sinalizou que proporá a Lula flexibilizar o Mercosul. "Talvez tenhamos que articular políticas que levem em conta as assimetrias [entre os países-membros]", disse .
"Por sermos um país pequeno, somos propensos a ter uma atitude mais aberta [ao comércio extrazona], mas países grandes como o Brasil têm outro tipo de problema", afirmou.
O principal tema da pauta deverá ser o projeto de "interconexão elétrica" entre Brasil e Uruguai, que dispensaria o vizinho de importar energia brasileira via Argentina, o que eleva os custos da operação.
Para concretizar o projeto, Brasil e Uruguai haviam acordado empréstimo de US$ 80 milhões, via um fundo de investimentos do Mercosul irrigado por verba brasileira.
A Argentina vetou o investimento em represália ao atrito que mantém com o Uruguai em torno da instalação de uma fábrica de celulose na fronteira, aprovada por Montevidéu sem consentimento argentino.
Mujica disse que irá "lutar muito para melhorar a relação com a Argentina, que é determinante para o Uruguai".
O fato de Mujica haver tomado a iniciativa do encontro indica, para o embaixador brasileiro, "a importância que ele dá à relação entre os dois países".
Mujica confirmou ainda querer a presença da oposição em seu ministério. "Tentaremos estabelecer os acordos maiores. Se não for possível, faremos os médios e pequenos."
A alternativa, em caso de recusa da oposição ou veto de sua legenda ao acordo, seria a presidência de estatais e o segundo escalão.


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