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análise
A segurança internacional em ruínas
NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
Os jogos de guerra sobre
"riscos paquistaneses" reuniram em Washington um
pequeno grupo de especialistas militares e de inteligência, integrantes de uma nova
modalidade, a dos atentos à
proliferação dos engenhos
de destruição maciça e de
possíveis descontroles.
Entre os cenários e opções
traçados figurou inclusive
uma operação de alto risco, a
de isolamento dos "bunkers"
onde estão as armas nucleares do Paquistão. As áreas em
volta seriam seladas de modo
inviolável, com "dezenas de
milhares" de minas jogadas
de aviões e municiadas contra tanques e pessoas.
Um dos luminares dessa
nova comunidade, o professor Scott Sagan, da Universidade de Stanford, acha que a
melhor maneira de garantir
a segurança do arsenal nuclear paquistanês é comportar-se de modo cooperativo
com as Forças Armadas do
país da Ásia Central, colado
ao Afeganistão.
Mas existe o perigo de quebra tanto das instituições políticas quanto militares e não
passou despercebido o fato
de que a ajuda bilionária dada pelos EUA ao Paquistão se
voltou sobretudo para o conflito com a Índia em torno da
posse da Caxemira. A Índia,
de seu lado, já testa mísseis
de interceptação de mísseis,
se inscrevendo num clube
até agora restrito a EUA,
Rússia, Israel e China,
O que acontece ultrapassa
as fronteiras do Paquistão.
Estamos diante da ruína da
arquitetura de segurança
mundial, que deveria, pelo
contrário, firmar-se com o
fim da Guerra Fria. O Paquistão deu curso à proliferação e se tornou segmento
de alto risco dessa ruína pelo
fato de que podem desintegrar-se as elites política e militar que até agora controlaram um pais que é ninho de
islâmicos radicais.
A rachadura inicial aconteceu em 2002, quando os
EUA se retiraram do tratado
sobre mísseis antimísseis,
pedra angular de amplo sistema de segurança e cláusula
capaz de conter o "first strike", a sedução de ser o primeiro a atirar.
Sistemas antimísseis podem absorver ataques e possibilitar contra-ataques e
com isso desencorajar "first
strikes". O governo Bush não
só eliminou esse elemento
de dissuasão como lançou a
doutrina dos ataques preventivos e decidiu botar antimísseis na Europa central.
A 12 de dezembro, entrou
em vigor a retirada da Rússia
do Tratado de Forças Convencionais na Europa, que limita a quantidade de armas
pesadas num raio que vai do
Atlântico às montanhas
Urais. É peça central da arquitetura internacional de
desarmamento. A saída da
Rússia pode resultar numa
corrida às armas na Europa.
O Paquistão nuclear, com
riscos de descontrole, se insere num contexto maior de
insegurança.
O jornalista NEWTON CARLOS é analista de
questões internacionais
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