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Obama é favorito em Estado onde brancos dominam
Pré-candidatos democratas e republicanos dão início em Iowa à disputa pela indicação dos partidos às eleições presidenciais
Resultados dos "caucus" só devem ser conhecidos
na madrugada de amanhã; os republicanos fazem campanha de ataques
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A DES MOINES
Maratonas em eventos pelo
interior de Iowa e ataques entre colegas de partido marcaram as últimas horas de campanha até o início dos "caucus" no
Estado de Iowa, o primeiro a
promover votação para a escolha dos candidatos dos partidos
às eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos.
Os caucus -em que eleitores
se encontram em assembléias
para debater brevemente sobre
os candidatos e, em seguida, indicar seu predileto- acontecem na noite de hoje.
As sessões costumam levar
algumas horas e o resultado deverá ser conhecido até o final da
noite (madrugada no Brasil, já
que a diferença de fuso é de
quatro horas a menos).
Pesquisas
Os principais candidatos passaram o dia de ontem em eventos pelo interior do Estado. A
democrata Hillary Clinton resumiu a jornada em uma pergunta: "Depois de todos os encontros nas cidades, de tortas e
cafezinho, chegamos a isso:
quem está pronto para ser presidente e pronto para resolver
os grande desafios que encararemos no primeiro dia?"
A resposta em Iowa, aponta
uma pesquisa do jornal local
"Des Moines Register", pode
ser Barack Obama, maior rival
de Clinton. O senador por Illinois aparece com 32% das intenções de voto entre os democratas no Estado, contra 25%
da candidata e 24% do ex-senador John Edwards.
A confirmação dessa projeção seria histórica: um Estado
com 93% da população branca
(contra 73% no total do país,
segundo o Censo) daria o empurrão inicial para a candidatura do primeiro candidato negro
de destaque na história das presidenciais nos EUA.
Do lado republicano, a pesquisa indica Mike Huckabee
com 32%, Mitt Romney com
26%, John McCain com 13%,
Fred Thompson e Ron Paul
empatados com 9%, e Rudolph
Giuliani, o líder nas pesquisas
nacionais, com apenas 5% das
intenções de voto em Iowa.
Huckabee e Romney levaram
a briga de bastidores para um
ataque mais duro na televisão,
com acusações mútuas ao estilo "o passado o condena". Romney, por exemplo, exibiu vídeos
com Huckabee defendendo o
aumento de diversas impostos
no Arkansas, onde foi governador. Huckabee rebateu criticando o trabalho de Romney
como governador de Massachusetts.
"Ele nos provocou e agora estamos respondendo. Estamos
mostrando que temos atitude e
sabemos discutir", disse à Folha Eric Woolson, um dos coordenadores da campanha do ex-pastor em Iowa. "Romney está
jogando sujo e fazendo a mesma coisa com John McCain em
New Hampshire [sede de primárias no dia 8]. Ele estava decidido a ganhar nos dois primeiros Estados, investiu muito
dinheiro aqui. É claro que não
queríamos esse tipo de discussão, que pode prejudicar os republicanos no futuro, mas ela é
necessária."
"Os democratas jogarão essas acusações contra nós. Os
candidatos não deveriam estar
discutindo nesse nível", disse à
Folha Ray Hoffman, líder do
Partido Republicano em Iowa,
após encontro com jornalistas
estrangeiros na manhã de ontem. "Acho legítimo que cada
candidato mostre seu argumento e se compare aos outros
candidatos, mas é ruim para todos que a disputa vire uma briga", afirma.
Em entrevistas e discursos,
os candidatos têm procurado
mostrar firmeza de opinião sobre as relações internacionais,
especialmente sobre o futuro
do Paquistão após a morte de
Benazir Bhutto. Praticamente
todos os candidatos falaram sobre isso na TV. Recuperar o
prestígio perdido pelo presidente George W. Bush na liderança política global é promessa de campanha dos candidatos
democratas -e mostrar que
também podem fazer isso é
uma preocupação clara dos republicanos.
Voto no gelo
Mais do que simplesmente
convencer eleitores, os candidatos precisam contar com
gente disposta a sair de casa para apoiá-los. Des Moines está
coberta de neve, com frio de até
oito graus negativos, e o comparecimento aos caucus é historicamente pífio, em muitos
anos na casa de 10% dos eleitores. Além disso, os dias de eleições nos EUA não são feriados.
"Levante-se por mim por
uma noite e eu levantarei por
você todos os dias como presidente", tem repetido Hillary
Clinton na campanha.
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