São Paulo, quinta-feira, 03 de janeiro de 2008

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Obama é favorito em Estado onde brancos dominam

Pré-candidatos democratas e republicanos dão início em Iowa à disputa pela indicação dos partidos às eleições presidenciais

Resultados dos "caucus" só devem ser conhecidos na madrugada de amanhã; os republicanos fazem campanha de ataques

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A DES MOINES

Maratonas em eventos pelo interior de Iowa e ataques entre colegas de partido marcaram as últimas horas de campanha até o início dos "caucus" no Estado de Iowa, o primeiro a promover votação para a escolha dos candidatos dos partidos às eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos.
Os caucus -em que eleitores se encontram em assembléias para debater brevemente sobre os candidatos e, em seguida, indicar seu predileto- acontecem na noite de hoje.
As sessões costumam levar algumas horas e o resultado deverá ser conhecido até o final da noite (madrugada no Brasil, já que a diferença de fuso é de quatro horas a menos).

Pesquisas
Os principais candidatos passaram o dia de ontem em eventos pelo interior do Estado. A democrata Hillary Clinton resumiu a jornada em uma pergunta: "Depois de todos os encontros nas cidades, de tortas e cafezinho, chegamos a isso: quem está pronto para ser presidente e pronto para resolver os grande desafios que encararemos no primeiro dia?"
A resposta em Iowa, aponta uma pesquisa do jornal local "Des Moines Register", pode ser Barack Obama, maior rival de Clinton. O senador por Illinois aparece com 32% das intenções de voto entre os democratas no Estado, contra 25% da candidata e 24% do ex-senador John Edwards.
A confirmação dessa projeção seria histórica: um Estado com 93% da população branca (contra 73% no total do país, segundo o Censo) daria o empurrão inicial para a candidatura do primeiro candidato negro de destaque na história das presidenciais nos EUA.
Do lado republicano, a pesquisa indica Mike Huckabee com 32%, Mitt Romney com 26%, John McCain com 13%, Fred Thompson e Ron Paul empatados com 9%, e Rudolph Giuliani, o líder nas pesquisas nacionais, com apenas 5% das intenções de voto em Iowa.
Huckabee e Romney levaram a briga de bastidores para um ataque mais duro na televisão, com acusações mútuas ao estilo "o passado o condena". Romney, por exemplo, exibiu vídeos com Huckabee defendendo o aumento de diversas impostos no Arkansas, onde foi governador. Huckabee rebateu criticando o trabalho de Romney como governador de Massachusetts.
"Ele nos provocou e agora estamos respondendo. Estamos mostrando que temos atitude e sabemos discutir", disse à Folha Eric Woolson, um dos coordenadores da campanha do ex-pastor em Iowa. "Romney está jogando sujo e fazendo a mesma coisa com John McCain em New Hampshire [sede de primárias no dia 8]. Ele estava decidido a ganhar nos dois primeiros Estados, investiu muito dinheiro aqui. É claro que não queríamos esse tipo de discussão, que pode prejudicar os republicanos no futuro, mas ela é necessária."
"Os democratas jogarão essas acusações contra nós. Os candidatos não deveriam estar discutindo nesse nível", disse à Folha Ray Hoffman, líder do Partido Republicano em Iowa, após encontro com jornalistas estrangeiros na manhã de ontem. "Acho legítimo que cada candidato mostre seu argumento e se compare aos outros candidatos, mas é ruim para todos que a disputa vire uma briga", afirma.
Em entrevistas e discursos, os candidatos têm procurado mostrar firmeza de opinião sobre as relações internacionais, especialmente sobre o futuro do Paquistão após a morte de Benazir Bhutto. Praticamente todos os candidatos falaram sobre isso na TV. Recuperar o prestígio perdido pelo presidente George W. Bush na liderança política global é promessa de campanha dos candidatos democratas -e mostrar que também podem fazer isso é uma preocupação clara dos republicanos.

Voto no gelo
Mais do que simplesmente convencer eleitores, os candidatos precisam contar com gente disposta a sair de casa para apoiá-los. Des Moines está coberta de neve, com frio de até oito graus negativos, e o comparecimento aos caucus é historicamente pífio, em muitos anos na casa de 10% dos eleitores. Além disso, os dias de eleições nos EUA não são feriados.
"Levante-se por mim por uma noite e eu levantarei por você todos os dias como presidente", tem repetido Hillary Clinton na campanha.


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