São Paulo, sábado, 03 de janeiro de 2009

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Israel veta jornalistas e propaga sua versão sobre ação em Gaza

DA REDAÇÃO

Enquanto Israel ignora a decisão de sua Suprema Corte, determinando o acesso de jornalistas à faixa de Gaza, os serviços de informação do país continuam sua estratégia de exploração de todos os tipos de mídia para apresentar argumentos favoráveis à ofensiva.
Apesar de ter aberto ontem a passagem de Erez para a saída de donos de passaportes estrangeiros, os israelenses não autorizaram a entrada da imprensa. Na quarta, ordem judicial determinou o ingresso de jornalistas à área atacada quando a fronteira com Israel, no norte da faixa de Gaza, abrisse por razões humanitárias.
"A passagem hoje [ontem] estava sobrecarregada com a retirada emergencial das pessoas", justificou o portavoz do Exército Peter Lerner. Ele acrescentou que o acesso pode ser permitido amanhã.
Em contraste com a situação dos jornalistas barrados, as forças israelenses divulgaram imagens de caminhões carregados de mantimentos ingressando o território pelo sul da faixa de Gaza (por Kerem Shalom).
É um dos mais de 20 vídeos publicados no canal que as Forças de Defesa abriram no Youtube na última segunda-feira.
"A blogosfera e as novas mídias são basicamente uma zona de guerra", disse a major Avital Leibovich, portavoz do Exército, sobre o canal no Youtube (que chegou a tirar do ar imagens de bombardeios, posteriormente liberadas).
"Muitas vitórias nos conflitos modernos são mediadas pela mídia. Temos a internet e todas as formas de comunicação modernas, e os militares decidiram divulgar suas mensagens com tais ferramentas", disse Gideon Doron, ex-presidente da agência regulatória que monitorou a privatização dos serviços de rádio e TV em Israel.
A estratégia tem inclusive um órgão gerencial, o Diretório Nacional de Informações, criado há oito meses por recomendação de um escrutínio da guerra contra o Hizbollah, travada no Líbano em 2006.
"O aparato de hasbara [termo em hebraico que significa "explicação" e é usado também como sinônimo de propaganda] precisava de um órgão para coordenar suas agências e virou uma plataforma de cooperação de todas entidades que lidam com relações públicas", disse o chefe do diretório, Iarden Vatikai, ao jornal "Guardian".

Via diplomática
A investida passa também por canais diplomáticos. Nesta semana, a Embaixada de Israel em Brasília encaminhou fotos de alvos israelense visados pelos foguetes do Hamas e um vídeo no Youtube justificando os ataques a Gaza, entre outros e-mails diários.
O consulado israelense em Nova York conduziu uma "entrevista coletiva" por meio do Twitter, sistema de microblogs que permite a publicação de textos de até 140 caracteres.
O esforço não é voltado só ao Ocidente. O jornal "Haaretz" registrou que a ação israelense visa também ""conquistar" canais de TV árabes via satélite", ao noticiar o esforço do Exército e da chancelaria em destacar quadros fluentes em árabe para falar à Al Jazeera e a outras emissoras do mundo árabe.
Mas a investida midiática pode gerar efeito contrário, conforme o "Haaretz" mostrou ontem a partir de um vídeo de um bombardeio. Autoridades alegaram que o caminhão atingido levava foguetes do Hamas, mas ONGs humanitárias disseram que eram tanques de oxigênio usados numa fundição.

Com agências internacionais



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