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Irã se diz disposto a aceitar plano da ONU
Ahmadinejad afirma não ver problema em enviar urânio para ser enriquecido em outro país, o que tranqulilizaria Ocidente
EUA, que reforçam presença militar no golfo Pérsico, reagem com cautela a aceno; iraniano também propõe troca de prisioneiros
Vahid Salemi - 24.jan.10/Associated Press
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Presidente Mahmoud Ahmadinejad faz discurso sobre seu plano de orçamento nacional no Parlamento iraniano, em Teerã
DA REDAÇÃO
O presidente Mahmoud Ahmadinejad disse ontem que o
Irã está disposto a aceitar proposta da ONU pela qual Teerã
enviaria seu urânio para ser
enriquecido em outro país.
A declaração, feita à TV estatal, surge dois dias depois de
jornais americanos terem revelado que os EUA preparam a
instalação de um sistema de defesa no golfo Pérsico, em prevenção a um possível ataque
balístico do Irã -cujo programa nuclear e mísseis de longo
alcance preocupam a região.
Ahmadinejad disse ontem
"não ver problema" em repassar ao Ocidente estoques de
urânio com baixo nível de enriquecimento (3,5%) e recuperá-los, "quatro ou cinco meses depois", sob a forma de urânio
enriquecido a 20% destinado a
alimentar as centrais iranianas.
Até então, Teerã vinha dando
respostas evasivas sobre uma
proposta costurada pela Agência Internacional de Energia
Atômica (AIEA), ligada à ONU,
que pretendia conciliar o direito de o Irã ter um programa nuclear civil e o temor de alguns
países de que Teerã busque em
sigilo um arsenal atômico.
Pela proposta, o Irã, que nega
querer a bomba, enviaria mais
de dois terços de seu estoque de
urânio pouco enriquecido para
Rússia e França. Nesses países,
ele seria enriquecido um pouco
mais e moldado para fins medicinais, em nível inadequado para a bomba, que exige 90%. O
envio visa garantir que Teerã
não tenha em mãos quantidade
suficiente do material para a
arma -que o Irã nega querer.
Países ocidentais haviam interpretado a inicial relutância
iraniana como um "não" à proposta e já manobravam para reforçar as sanções econômicas
da ONU contra Teerã.
Os EUA disseram ontem que
o Irã deve conversar com a
AIEA se estiver realmente disposto a um acordo nuclear.
Em outro aceno, Ahmadinejad ofereceu ontem libertar
três americanos presos em julho acusados de entrar ilegalmente no Irã em troca da soltura de 11 iranianos detidos nos
EUA. Ahmadinejad disse que
há "conversas em curso", mas
ontem a Casa Branca negou
"qualquer discussão sobre um
intercâmbio".
A aparente mudança de posição do Irã surge em meio a um
endurecimento de Barack Obama com o país. Um ano depois
de assumir a Casa Branca prometendo buscar uma normalização com o Irã, com quem os
EUA estão rompidos há 30
anos, Obama vem se mostrando impaciente com as dúbias
posições iranianas.
Segundo jornais americanos,
dois navios com capacidade de
interceptar projéteis monitoram a costa iraniana, e baterias
antimísseis estão a caminho de
países do golfo pró-EUA.
O reforço militar teria o objetivo de contrapor a escalada do
Irã como potência militar regional e prevenir uma reação
armada se novas sanções forem
aplicadas. Na primeira reação
oficial ao relato, o Irã disse ontem que as manobras não passam de um "teatro de marionetes" e acusou os EUA de fomentar divisões no Oriente Médio.
Ontem o vice-presidente
americano, Joe Biden, disse
que Teerã "planta as sementes
de sua destruição" ao prender e
executar oposicionistas.
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