São Paulo, terça-feira, 03 de março de 2009

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Doadores levantam US$ 4,4 bilhões para reconstruir Gaza

Ajuda arrecadada em encontro no Egito esbarra em impasse causado pelo isolamento do Hamas, que controla o território

Brasil doa US$ 10 mi e critica Israel; Hillary, em primeira reunião internacional como enviada dos EUA, questiona distensão com iranianos


Amr Nabil/Associated Press
Na conferência de doadores de Sharm el Sheikh, Hillary descartou enviar dinheiro ao Hamas

DA REDAÇÃO

Representantes de 45 países reunidos no balneário egípcio de Sharm el Sheik anunciaram ontem a arrecadação de US$ 4,4 bilhões para a reconstrução da faixa de Gaza, destruída por uma ofensiva israelense de três semanas encerrada em 18 de janeiro -o alvo da operação, segundo Israel, era o grupo Hamas, que controla o território.
Os maiores doadores foram Arábia Saudita (US$ 1 bilhão), EUA (US$ 900 milhões) e União Europeia (US$ 540 milhões). O Brasil, representado pelo chanceler Celso Amorim, contribuiu com US$ 10 milhões. A remessa precisa da aprovação do Congresso.
As doações esbarram no impasse causado pela recusa das potências ocidentais em transferir o dinheiro para o Hamas, que consideram terrorista. Elas querem repassar a ajuda a agências humanitárias que operam em Gaza e à Autoridade Nacional Palestina, dominada pelo laico Fatah, que tem poder reduzido à Cisjordânia.
Já os países árabes do golfo Pérsico anunciaram a abertura de um escritório em Gaza para avaliar caso a caso projetos de ajuda, contornando a disputa entre os grupos palestinos -rompidos desde que o Hamas, vencedor das eleições legislativas de 2006, expulsou o Fatah da região no ano seguinte, em meio a disputas pelo controle da polícia.
A maior parte dos doadores pressiona os dois grupos a se unirem em um governo de união nacional como forma de resolver o embate sobre a ajuda e alavancar negociações com Israel. Mas Hillary Clinton, em sua primeira participação num encontro multilateral como secretária de Estado americana, disse que só dialogará com um gabinete que inclua o Hamas se o grupo endossar os acordos com Israel firmados pela ANP.
Hillary aderiu, no entanto, ao coro que pediu a Israel para aliviar o bloqueio imposto a Gaza.
As pressões contra Israel foram resumidas nas palavras de Amorim, que cobrou a aplicação "imediata" da resolução 1860 do Conselho de Segurança da ONU, de janeiro, que exige o fim do cerco a Gaza. "É hora de paz, e não de processo de paz", afirmou, numa referência às negociações para a criação de um Estado palestino, que se arrastam desde 1993.
A conferência de Sharm el Sheikh também revelou uma possível dissonância entre a abertura para dialogar com o Irã defendida pelo presidente Barack Obama e a posição de Hillary, que ontem disse "não ter ilusão" sobre a disposição de Teerã de abrir mão de seu programa nuclear.


Com agências internacionais


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