São Paulo, terça-feira, 03 de abril de 2007

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VENEZUELA

Fuga de ex-governador reabre debate sobre presos políticos

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

A fuga do ex-governador oposicionista Eduardo Lapi após dez meses preso sem julgamento reacendeu na Venezuela a discussão sobre a existência ou não de presos políticos sob o governo Hugo Chávez, que lançou uma imensa operação para tentar capturá-lo.
A ausência de Lapi foi descoberta anteontem de manhã durante uma inspeção de rotina no presídio de San Felipe, no Estado de Yaracuy (oeste de Caracas), que ele governou de 1998 a 2004. A principal hipótese é que ele tenha fugido pelo buraco na parede feito para instalação de um ar-condicionado.
O ex-governador havia sido preso na madrugada do dia 30 de maio, em sua casa em San Felipe, sob a justificativa de que havia risco de fuga. Ele só foi acusado formalmente pelo Ministério Público 40 dias após sua prisão, mas nunca houve uma audiência judicial.
O motivo da prisão de Lapi foi uma denúncia feita pelo sucessor, o chavista Carlos Giménez. Ele afirma que seu opositor político desviou o equivalente a R$12,4 milhões durante a ampliação de uma rodovia.
A fuga foi o principal assunto da imprensa venezuelana e motivou uma megaoperação policial. Pelo menos 11 suspeitos de envolvimento foram detidos. A ONG Fórum Penal Venezuelano cataloga Lapi como um dos 23 presos políticos no país.
"O fato de que ele estava preso sem julgamento e de que não havia elementos suficientes para mantê-lo nas condições desumanas em que estava é uma evidência a mais do que chamamos de politização do sistema judicial", disse à Folha a diretora da ONG Monica Fernández.
"Além dos presos, há os acusados por razões políticas e as mais de 1.200 pessoas que pedem asilo político em outros países", disse.
A presidente do Tribunal Supremo de Justiça, Luisa Estella Morales, negou ingerência política. "Lapi estava indiciado por uma série de delitos e as condições de sua prisão estavam de acordo com o estipulado pela lei."


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