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VENEZUELA
Fuga de ex-governador reabre debate sobre presos políticos
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
A fuga do ex-governador
oposicionista Eduardo Lapi
após dez meses preso sem
julgamento reacendeu na
Venezuela a discussão sobre
a existência ou não de presos
políticos sob o governo Hugo
Chávez, que lançou uma
imensa operação para tentar
capturá-lo.
A ausência de Lapi foi descoberta anteontem de manhã durante uma inspeção
de rotina no presídio de San
Felipe, no Estado de Yaracuy
(oeste de Caracas), que ele
governou de 1998 a 2004. A
principal hipótese é que ele
tenha fugido pelo buraco na
parede feito para instalação
de um ar-condicionado.
O ex-governador havia sido preso na madrugada do
dia 30 de maio, em sua casa
em San Felipe, sob a justificativa de que havia risco de
fuga. Ele só foi acusado formalmente pelo Ministério
Público 40 dias após sua prisão, mas nunca houve uma
audiência judicial.
O motivo da prisão de Lapi
foi uma denúncia feita pelo
sucessor, o chavista Carlos
Giménez. Ele afirma que seu
opositor político desviou o
equivalente a R$12,4 milhões durante a ampliação de
uma rodovia.
A fuga foi o principal assunto da imprensa venezuelana e motivou uma megaoperação policial. Pelo menos
11 suspeitos de envolvimento
foram detidos. A ONG Fórum Penal Venezuelano cataloga Lapi como um dos 23
presos políticos no país.
"O fato de que ele estava
preso sem julgamento e de
que não havia elementos suficientes para mantê-lo nas
condições desumanas em
que estava é uma evidência a
mais do que chamamos de
politização do sistema judicial", disse à Folha a diretora
da ONG Monica Fernández.
"Além dos presos, há os
acusados por razões políticas e as mais de 1.200 pessoas que pedem asilo político em outros países", disse.
A presidente do Tribunal
Supremo de Justiça, Luisa
Estella Morales, negou ingerência política. "Lapi estava
indiciado por uma série de
delitos e as condições de sua
prisão estavam de acordo
com o estipulado pela lei."
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