São Paulo, sexta-feira, 03 de abril de 2009

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Coreia do Norte abastece foguete polêmico

Preparativos para o lançamento do Taepodong-2 provocam protestos; ação tem fim civil, mas fortalece programa militar

Obama promete resposta "dura e unificada", mas o tema divide Conselho de Segurança da ONU; disparo tem respaldo de tratado

DA REDAÇÃO

A Coreia do Norte abasteceu ontem o Taepodong-2, em um dos últimos preparativos para o lançamento do foguete experimental, previsto para até a próxima terça-feira. O Taepodong-2, que faz parte do programa militar norte-coreano e pode alcançar até o Alasca (EUA), deve colocar em órbita um satélite civil de comunicação.
Os EUA e a Coreia do Sul prometeram "resposta dura e unificada da comunidade internacional" se o país insistisse no lançamento, que funciona como teste do Taepodong-2, em declaração conjunta dos presidentes Barack Obama e Lee Myung-bak, assinada ontem no encontro do G20, em Londres.
O Japão articula uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, caso o foguete seja lançado. Sem apoio da China e da Rússia, o órgão não deve adotar novas sanções, mas pode endurecer a fiscalização das atuais. Em 2006, o CS condenou a Coreia do Norte por testar míssil balístico e conduzir teste nuclear, impondo moratória em lançamento de mísseis.
O governo norte-coreano argumenta que o lançamento, que funcionará como um teste para o Taepodong-2, não viola a moratória, pois visa fins civis. O tratado espacial de 1967 estabelece que o espaço sideral é "livre para a exploração e uso por todos os Estados sem discriminação de nenhum tipo".

Legalidade
Para a presidente do Instituto Internacional de Lei Espacial, Tanja Masson-Zwaan, o lançamento é legal, ainda que possa contribuir indiretamente para o desenvolvimento de tecnologia de mísseis balísticos. O CS não pode proibir a colocação em órbita de um satélite civil de comunicação, avalia.
Imagens da preparação do lançamento, feitas por satélites americanos, são compatíveis com as informações divulgadas por Pyongyang. Mas Japão, EUA e Coreia do Sul têm planos de contingência para destruir o foguete, embora afirmem que não visam medidas hostis.
Uma reação exagerada ao lançamento pode levar Pyongyang a abandonar o Grupo dos Seis (EUA, Rússia, Japão, China e as duas Coreias), que negocia o desarmamento e a paz na península Coreana, afirma o International Crisis Group (ICG). Relatório do grupo diz que o Taepodong-2 não representa uma inovação militar significativa e recomenda cautela.
A Coreia do Norte já tem capacidade de atingir o território japonês, lembra o documento, que minimiza os riscos aos EUA. Um ataque ao território americano é quase impossível, diz o ICG, lembrando que os preparativos para o lançamento do Taepodong-2 duram semanas, tempo suficiente para uma intervenção devastadora.
O alvo real do regime norte-coreano é a corrida espacial, diz Daniel Pinkston, analista do ICG baseado em Seul. A Coreia do Sul planeja colocar em órbita um satélite de pesquisa até o final do ano. "Seria um imenso golpe de propaganda lançar um satélite antes da Coreia do Sul."


Com agências internacionais


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