|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Coreia do Norte abastece foguete polêmico
Preparativos para o lançamento do Taepodong-2 provocam protestos; ação tem fim civil, mas fortalece programa militar
Obama promete resposta "dura e unificada", mas o tema divide Conselho de Segurança da ONU; disparo tem respaldo de tratado
DA REDAÇÃO
A Coreia do Norte abasteceu
ontem o Taepodong-2, em um
dos últimos preparativos para o
lançamento do foguete experimental, previsto para até a próxima terça-feira. O Taepodong-2, que faz parte do programa
militar norte-coreano e pode
alcançar até o Alasca (EUA),
deve colocar em órbita um satélite civil de comunicação.
Os EUA e a Coreia do Sul prometeram "resposta dura e unificada da comunidade internacional" se o país insistisse no
lançamento, que funciona como teste do Taepodong-2, em
declaração conjunta dos presidentes Barack Obama e Lee
Myung-bak, assinada ontem no
encontro do G20, em Londres.
O Japão articula uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, caso
o foguete seja lançado. Sem
apoio da China e da Rússia, o
órgão não deve adotar novas
sanções, mas pode endurecer a
fiscalização das atuais. Em
2006, o CS condenou a Coreia
do Norte por testar míssil balístico e conduzir teste nuclear,
impondo moratória em lançamento de mísseis.
O governo norte-coreano argumenta que o lançamento,
que funcionará como um teste
para o Taepodong-2, não viola a
moratória, pois visa fins civis. O
tratado espacial de 1967 estabelece que o espaço sideral é
"livre para a exploração e uso
por todos os Estados sem discriminação de nenhum tipo".
Legalidade
Para a presidente do Instituto Internacional de Lei Espacial, Tanja Masson-Zwaan, o
lançamento é legal, ainda que
possa contribuir indiretamente para o desenvolvimento de
tecnologia de mísseis balísticos. O CS não pode proibir a colocação em órbita de um satélite civil de comunicação, avalia.
Imagens da preparação do
lançamento, feitas por satélites
americanos, são compatíveis
com as informações divulgadas
por Pyongyang. Mas Japão,
EUA e Coreia do Sul têm planos
de contingência para destruir o
foguete, embora afirmem que
não visam medidas hostis.
Uma reação exagerada ao
lançamento pode levar Pyongyang a abandonar o Grupo dos
Seis (EUA, Rússia, Japão, China e as duas Coreias), que negocia o desarmamento e a paz na
península Coreana, afirma o
International Crisis Group
(ICG). Relatório do grupo diz
que o Taepodong-2 não representa uma inovação militar significativa e recomenda cautela.
A Coreia do Norte já tem capacidade de atingir o território
japonês, lembra o documento,
que minimiza os riscos aos
EUA. Um ataque ao território
americano é quase impossível,
diz o ICG, lembrando que os
preparativos para o lançamento do Taepodong-2 duram semanas, tempo suficiente para
uma intervenção devastadora.
O alvo real do regime norte-coreano é a corrida espacial, diz
Daniel Pinkston, analista do
ICG baseado em Seul. A Coreia
do Sul planeja colocar em órbita um satélite de pesquisa até o
final do ano. "Seria um imenso
golpe de propaganda lançar um
satélite antes da Coreia do Sul."
Com agências internacionais
Texto Anterior: Palestino mata adolescente em colônia israelense Próximo Texto: Cúpula testa sobrevivência da Otan de "alcance global" Índice
|