São Paulo, sábado, 03 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EUA amplificam cerco a viajantes

Até fim do mês, passageiros de todos os países poderão enfrentar revista mais rigorosa antes de embarcar

Atualmente cidadãos de 14 nações são submetidos a controle automático; novas regras americanas incluem critérios raciais e religiosos

DA REDAÇÃO

Os Estados Unidos anunciaram ontem a implementação de novos critérios para identificar possíveis terroristas entre passageiros com destino aos aeroportos americanos. Até o fim deste mês, poderão ser submetidos a revistas cidadãos de todas as nacionalidades, em função de padrões controversos como aparência e religião.
As medidas visam substituir um sistema colocado em vigor após a tentativa frustrada de atentado ocorrida contra um voo comercial com destino a Detroit no último Natal. Desde então, passageiros de 14 países são automaticamente considerados suspeitos e submetidos, antes de embarcar rumo aos EUA, a uma revista rigorosa e, em alguns aeroportos, a um scanner corporal.
A lista de países que despertam suspeitas -quase todos de maioria muçulmana- inclui aliados dos EUA, como Arábia Saudita, Paquistão e Iraque, que vinham pressionando a Casa Branca a mudar regras vistas como discriminatórias.
O governo americano admitiu ontem que era ineficaz aplicar exames extras a passageiros apenas em função de seu passaporte e cidadania.
Nas próximas semanas, estará sujeito a controle minucioso qualquer cidadão cujo perfil corresponder a informações fornecidas previamente pelos serviços de inteligência às companhias aéreas e às autoridades aeroportuárias.
Os critérios para que alguém seja considerado suspeito podem incluir faixa etária, países previamente visitados e traços físicos, entre outras características que podem ser vistas como racistas por alguns setores.
Um alto funcionário do governo americano negou ontem que o sistema seja norteado pelo perfil racial e étnico dos passageiros e alegou que cidadãos dos EUA também estarão sujeitos às mesmas regras.
As medidas, sancionadas pelo presidente Barack Obama e que dispensam aprovação do Congresso, serão aplicadas em todos os aeroportos do mundo onde houver voos com destino aos EUA. Nos lugares onde não há scanners corporais, como no Brasil, o controle será feito por meio de uma revista manual mais rigorosa na porta de entrada do avião.
O governo americano não tem o direito de aplicar controle de passageiros fora de suas fronteiras nacionais, mas companhias aéreas podem ser proibidas de voar para os EUA caso não aceitem se sujeitar às regras de segurança.
As instruções para revistar passageiros se somam a uma lista de cerca de 6.000 nomes de pessoas proibidas de tirar visto para entrar no país ou de embarcar em voos com destino a aeroportos americanos.
Washington alega que o objetivo é evitar novos episódios como o do Natal, quando um nigeriano tentou acionar os explosivos que carregava a bordo de um voo que seguia de Amsterdã a Detroit. O terrorista foi detido por passageiros e entregue às autoridades. O caso gerou questionamentos sobre como o rapaz, que tinha visto de entrada nos EUA, conseguiu embarcar com explosivos.


Texto Anterior: América Central: Honduras é país mais violento para jornalistas, afirma ONG
Próximo Texto: E eu com isso?
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.