São Paulo, domingo, 03 de maio de 2009

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Surto se limita à América do Norte, diz OMS

Organização afirma não haver evidência de disseminação significativa e contínua do vírus para além da região onde ele surgiu

Com chegada de exames laboratoriais que atrasaram no México, casos oficiais no mundo somam 658; risco de pandemia não é descartado


Carlos Jasso/France Presse
Mexicanos fazem compras na capital, onde surto estabilizou

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Ainda não há indícios de propagação em grande escala do vírus A(H1N1) fora da América do Norte, afirmou ontem a Organização Mundial da Saúde (OMS), alertando porém que uma pandemia do que vinha sendo chamado de gripe suína continua iminente.
Embora o número de casos confirmados tenha atingido ontem 658, quase o dobro do dia anterior, e do seu amplo alcance geográfico, com os primeiros contágios na Ásia, a OMS manteve o alerta no nível cinco, o penúltimo da escala.
Pelo sistema de alerta pandêmico da organização o nível mais alto só é acionado quando há transmissão "sustentada" (ampla e contínua) em mais de uma região. "Não temos evidência de propagação sustentada em comunidades fora da América do Norte", disse Michael Ryan, diretor de alerta global da OMS.
A grande maioria dos contágios até agora ocorreu no México (397) e nos EUA (160). Nos demais países afetados, quase todos os contágios foram em viajantes que estiveram no México. Mas há casos de transmissão de pessoas que não deixaram seus países no Canadá, na Espanha, no Reino Unido e na Alemanha, o que reforça a preocupação da OMS sobre o risco de uma pandemia.
Ryan disse que a declaração de uma pandemia é feita com base no alcance geográfico, e que por isso a OMS acompanha com atenção os casos fora da América do Norte, onde o surto teve origem.
"Uma pandemia é como uma máquina de dois motores", explicou Ryan à Folha. "Um dos motores já foi acionado. Estamos monitorando se aparece um segundo."

Testes atrasados
A lista de países com casos da gripe A (H1N1) subiu para 16, com confirmações na Costa Rica e Coreia do Sul. A doença já matou 17 pessoas, sendo 16 no México e uma nos EUA.
O salto na quantidade de doentes não reflete um agravamento do surto, mas casos já registrados no México, e que só agora foram confirmados. O país, por sua vez, vem reduzindo sua estimativa de mortes relacionadas à doença (leia texto na pág. A17).
Segundo Ryan, embora um quadro de pandemia ainda não esteja caracterizado, a contínua propagação do vírus mantém a organização em alerta. "Continuo afirmando que uma pandemia é iminente", disse. "Neste estágio temos que esperar que a fase seis será atingida, mesmo querendo que isso não ocorra".
Ryan expressou ceticismo ao comentar a avaliação do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), que concluiu na véspera que o vírus A(H1N1) parece menos letal do que parecia inicialmente.
"A história mostra que esses vírus são imprevisíveis", disse. "Seria imprudente neste momento se sentir muito seguros com estudos como esse."
De acordo com ele, a organização começa a entrar em uma "fase operacional", com o reforço das equipes nas regiões mais afetados. Além disso, a OMS enviou 2,4 milhão de doses do antiviral Tamiflu a 72 países em desenvolvimento.
Na sexta, a OMS havia previsto que a produção de uma vacina é questão de tempo. O vírus já foi isolado nos laboratórios do CDC, primeiro passo no processo que deve levar de quatro a seis meses para ser concluído.
A organização mantém 90% de sua equipe especializada sob esquema emergencial. "É uma operação que não tem prazo para terminar", disse Dick Thompson, porta-voz da OMS.


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