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Organizações judaicas e feministas repudiam
DA REPORTAGEM LOCAL
No pontapé inicial de uma
série de atos de repúdio à visita
de Mahmoud Ahmadinejad ao
Brasil, movimentos religiosos e
de direitos humanos convocaram para a manhã de hoje protestos em São Paulo e no Rio.
As manifestações serão capitaneadas por grupos judaicos,
revoltados com o convite do
Brasil a um presidente que
questiona o Holocausto e defende varrer Israel do mapa.
"É uma ofensa para a comunidade judaica o governo brasileiro receber [Ahmadinejad].
Não dá para abrir o tapete vermelho para um líder antissemita", diz Fernando Lottenberg,
secretário geral da Confederação Israelita do Brasil (Conib).
Segundo a Folha apurou, a
Conib entregou na última
quarta-feira uma carta de repúdio ao chefe de gabinete de
Lula, Gilberto Carvalho.
O recado da comunidade judaica brasileira ganhou apoio
entusiasmado de homossexuais, evangélicos e feministas,
que também encaram o iraniano como inimigo.
A ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais)
divulgou nota criticando o Irã
por ser um dos poucos países
que ainda consideram a homossexualidade um crime passível de pena de morte.
Associações feministas também condenam o regime iraniano por permitir o apedrejamento de mulheres adúlteras.
O movimento irá se concentrar em Brasília no dia da visita,
com a promessa de promover o
maior protesto já feito contra
um visitante estrangeiro.
Um grupo não identificado
pretende estender em algum
ponto alto nas cercanias do Itamaraty -onde Lula receberá o
colega iraniano- um enorme
cartaz com uma criança num
campo de concentração e a frase "como você ousa negar?".
Na véspera da visita, o pastor
Laurindo, do Ministério Casa
da Bênção, organiza uma vigília
noturna com velas em frente
ao Itamaraty. As velas, segundo
o pastor, servirão para "trazer
luz na escuridão em que Brasil
mergulhará" com a presença
do iraniano em solo brasileiro.
"[Na Bíblia, o] Gênesis diz que
aquele que amaldiçoa Israel será amaldiçoado", cita o pastor.
Os bahá'ís, que foram perseguidos no Irã antes mesmo da
Revolução Islâmica (1979) e
têm milhares de adeptos no
Brasil, também estão contrariados com a visita.
Os bahá'ís pretendem publicar na mídia brasileira uma
carta aberta a Ahmadinejad,
exigindo a libertação de fiéis
encarcerados na prisão de
Evin, tida com o equivalente
iraniana da penitenciária iraquiana de Abu Ghraib.
"Mais do que soja e carne, o
Brasil deveria exportar os valores humanos que deram ao país
sua atual posição de liderança",
afirma Washington Araújo, diretor de comunicação da Comunidade Bahá'í do Brasil.
A Embaixada do Irã se absteve de comentar sobre os protestos. Em visita a Brasília em
março, o chanceler Manouchehr Mottaki afirmou que
"todos os iranianos são tratados da mesma maneira".
O Itamaraty, embora diga
que o Brasil é um país democrático que permite a livre expressão, está preocupado. Segundo um diplomata, o ministério nunca recebeu tantos e-mails de cidadãos protestando
contra uma visita de autoridade estrangeira -nem antes das
duas visitas do americano
George W. Bush ao Brasil.
A Polícia Federal montou
um esquema especial de segurança para receber a comitiva
iraniana, que foi instruída a fazer apenas os trajetos indispensáveis na capital brasileira.
Inicialmente prevista para a
noite de terça-feira, a chegada
de Ahmadinejad a Brasília foi
adiada para a manhã de quarta.
A estadia, que deveria durar
dois dias, foi reduzida a algumas horas.
(SA)
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