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Brasil minimiza elo do EPP no caso de senador baleado
Lula é informado que autoria do atentado no Paraguai é de criminosos ligados ao narcotráfico
Brasileiro, que se encontra hoje com colega paraguaio na fronteira, deve anunciar ajuda econômica, política e policial ao país vizinho
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Os relatórios da inteligência
brasileira quase descartam que
a autoria do ataque ao senador
Robert Acevedo no Paraguai,
no qual morreram seu motorista e seu segurança, tenha sido
do EPP (Exército do Povo Paraguaio), descrito como um grupo pequeno -no máximo cem
pessoas-, cujas ações estariam
restritas a sequestros, não chegando a assassinatos.
Pelas informações que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu da Abin (Agência
Brasileira de Inteligência) e da
PF (Polícia Federal), o atentado foi promovido por criminosos comuns, ligados ao narcotráfico dos dois países e interessados em desestabilizar o
governo Fernando Lugo.
Entre os suspeitos, há quatro
brasileiros, supostamente
membros do PCC (Primeiro
Comando da Capital), que estão presos no Paraguai.
Lula e Lugo se encontram
hoje no olho do furacão: na
fronteira dos dois países, entre
Ponta Porã, no Mato Grosso do
Sul, e Pedro Juan Caballero. O
prefeito da cidade paraguaia é
irmão do senador baleado.
A maior preocupação do Planalto e do Itamaraty não é com
o EPP -cuja atuação motivou o
estado de exceção decretado no
país vizinho no último dia 24.
A avaliação é que não há provas de relações financeiras e
operacionais entre essa organização paraguaia e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia). O que há, até
agora, são trocas de e-mails
classificados como "de simpatia, praticamente sociais" entre
militantes dos dois grupos.
Esses e-mails constam da documentação levantada pelos
órgãos de segurança colombianos a partir dos computadores
do líder das Farc, Raul Reyes,
morto pelo Exército da Colômbia em solo equatoriano.
Para o governo brasileiro, a
importância desse material é
muito relativa e, além disso,
não há ali nenhuma prova concreta da conexão Farc-EPP.
Lula, que atua sistematicamente a favor dos governos da
região e contra as crises políticas do Cone Sul, quer oferecer
dois tipos de ajuda a Lugo -que
é considerado pelo governo
brasileiro uma esperança positiva para o Paraguai, mas que
enfrenta sérios problemas de
governabilidade.
A primeira é econômica, para
a construção de uma linha de
transmissão de energia entre a
hidrelétrica de Itaipu e Assunção. A outra, política e policial,
de reforço na fronteira, para
evitar que o dinheiro do tráfico
circule livremente na região.
Mas ele viaja disposto a não
atender um pedido que certamente ouvirá: a revisão do refúgio que o Brasil deu aos paraguaios Victor Colmán, Juan Arrom e Anúncio Martí, que o Paraguai acusa de serem do EPP e
responsáveis por sequestros lá.
Como Lula, Lugo enfrenta
obstáculo no Congresso
www.folha.com.br/101227
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