São Paulo, terça-feira, 03 de maio de 2011

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ANÁLISE

Paquistão adota a estratégia de esconder a cabeça na areia

SIMON TISDALL
DO "GUARDIAN"

A extraordinária descoberta de que Osama bin Laden estava vivendo, possivelmente desde 2005, em um luxuoso complexo residencial de uma cidade turística localizada a curta distância da capital paquistanesa Islamabad representa um imenso e perigoso embaraço para o governo paquistanês.
Representantes do governo do presidente Asif Ali Zardari, a começar por ele mesmo, vinham sustentando havia muito que o líder da Al Qaeda não estava abrigado em solo paquistanês.
Sugeriam que os norte-americanos deveriam procurar por ele em outro lugar, como o Afeganistão. A atitude paquistanesa se enquadra em um esforço ainda mais amplo de negação, que remonta aos ataques do 11/9 e tem como premissa a ideia de que o Paquistão não é base e fonte para o terrorismo de inspiração islâmica, e sim sua principal vítima.
Essa tentativa de esconder a cabeça na areia, que é a interpretação dada por muitos analistas do Ocidente à atitude paquistanesa, resultou em fricção cada vez mais intensa com Washington nos últimos meses.
Houve choques furiosos quanto a ataques por aviões de pilotagem remota a alvos em território paquistanês, à detenção de um agente operando a soldo da CIA em Lahore e a críticas paquistanesas ao fracasso dos EUA em negociar com o Taleban.
Mas nada disso se compara com o que pode acontecer agora. A negação oficial também prejudicou os esforços paquistaneses para enfrentar os militantes islâmicos violentos do país, o chamado Taleban paquistanês.
Dezenas de milhares de pessoas morreram como resultado de atividade terrorista no Paquistão desde o 11/9, total superior ao de todas as vítimas do terrorismo recentes na Europa e EUA.
Em meio a previsões de comentaristas ocidentais quanto a uma possível retaliação terrorista, as autoridades dos EUA simplesmente não confiariam uma informação delicada como a do paradeiro de Bin Laden ao poderoso serviço de informações e segurança paquistanês, o ISI.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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