|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Secretário-geral defende relevância da OEA
DA ENVIADA A SAN PEDRO SULA
O chileno José Miguel Insulza, secretário-geral da OEA, fez
uma veemente defesa da organização ao abrir a Assembleia
Geral em Honduras, depois de
seguidos questionamentos feitos nos últimos dias pelos presidentes Hugo Chávez (Venezuela), Daniel Ortega (Nicarágua) e Rafael Correa (Equador),
que defenderam sua substituição por um organismo apenas
dos latino-americanos, sem os
EUA e o Canadá.
"Quando escuto vozes que
pedem o fim da OEA me pergunto quantas décadas seriam
necessárias para construir algo
semelhante e quem faria o trabalho que realizamos", disse
Insulza, depois de citar missões
de observadores eleitorais, a
mediação de crises regionais e a
Corte Interamericana de Direitos Humanos, "à qual milhares
de latino-americanos recorreram como último recurso nos
tempos de ditadura para proteger seus direitos".
Ele chamou os funcionários
da organização de "abnegados"
e rejeitou a ideia de que sejam
qualificados de "burocracia imperial" -ainda ontem, em entrevista coletiva durante a assembleia, o presidente da Nicarágua disse que a OEA continua
sendo "um instrumento de dominação dos EUA".
O secretário-geral, no cargo
desde 2005, lembrou que ele
próprio defende a anulação da
decisão de 1962 que suspendeu
Cuba, por anacrônica, mas disse que o debate do assunto deveria levar em conta tanto a necessidade de inclusão de todos
os países do continente quanto
a Carta Democrática da OEA.
No documento aprovado em
2001, os integrantes da organização prometem "defender e
promover a democracia representativa". Mas países como
Venezuela e Equador vêm pregando o conceito de "democracia participativa", e seus representantes já disseram que normas prescritas na Carta são "ingerencistas" e se chocam com
outros textos do órgão interamericano que prescrevem respeito à soberania e à autodeterminação das nações.
Alba
Ontem, na abertura da assembleia, o presidente de Honduras, Manuel Zelaya, disse
que "uma nação não tem o direito de interferir nos assuntos
internos de outra" e defendeu
que tanto a Carta fundadora da
OEA quanto a Carta Democrática "devem atualizar seus objetivos e propósitos às atuais
circunstâncias de mudança, a
novas formas de organização
política, econômica e social".
Embora minoritário na OEA,
o grupo da Alba (Alternativa
Bolivariana para as Américas),
bloco liderado pela Venezuela,
tem feito barulho com suas críticas. O Brasil, que impulsionou
em dezembro passado, em cúpula na Bahia, a proposta de
criação de uma Organização
dos Estados da América Latina
e do Caribe, tem dito que os
dois organismos não são excludentes e defende a atualidade
dos documentos da entidade
interamericana.
Em seu discurso, Insulza citou várias vezes a questão democrática: "Somos, junto com a
Europa, os dois continentes democráticos do século 21. Mesmo com matizes, existe hoje
um acordo básico em todos os
nossos países sobre um conjunto de aspectos em que se expressam a democracia e a governabilidade".
O chileno advertiu, no entanto, para possíveis efeitos políticos da atual crise econômica.
"A prova de fogo de nossas democracias não está em realizar
eleições livres nem em manter
a estabilidade de seus governos.
Está em demonstrar que podem melhorar a qualidade de
vida de nossos cidadãos."
Texto Anterior: Cuba enfrenta pior crise desde fim da era soviética Próximo Texto: Hondurenhas Índice
|