São Paulo, quarta-feira, 03 de junho de 2009

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Israel evoca pacto secreto com Bush

DO "INDEPENDENT", EM JERUSALÉM

Em novo capítulo das tensões entre Israel e os EUA acerca da expansão dos assentamentos na Cisjordânia, o governo de Binyamin Netanyahu evocou ontem pactos não escritos com os americanos. Pelos acordos, que teriam sido firmados entre os países em 2003, as construções poderiam continuar nas colônias já existentes.
Defensor do congelamento de novos assentamentos na Cisjordânia, o presidente dos EUA, Barack Obama, declarou que o fim da expansão estava entre as "obrigações" israelenses.
Contrário a isso, o governo de Netanyahu pressiona pela restauração, ao menos parcial, de "entendimentos" privados, que teriam sido aprovados pelo governo anterior, a despeito da oposição repetidamente declarada pela equipe do presidente George W. Bush quanto à construção de assentamentos.
Argumenta que, em 2003, o então premiê Ariel Sharon condicionou sua concordância com o plano de paz do Mapa do Caminho e com a retirada de 8.000 colonos judeus à continuação do processo de assentamento israelense dentro dos limites físicos das colônias já estabelecidas na Cisjordânia.
Um importante funcionário do governo israelense afirmou que "é difícil para os americanos declarar que temos de manter nossos compromissos, enquanto ignoram esses entendimentos".
O argumento foi defendido nas tratativas que o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, conduziu ontem em Washington. E constará da pauta do encontro entre o enviado dos EUA ao Oriente Médio, George Mitchell, e lideranças israelenses, na segunda.
Funcionários israelenses se queixam também de que Washington "não está fazendo distinção" entre os assentamentos em blocos maiores, que em 2004 Bush disse a Sharon esperar ver integrados a Israel, e assentamentos em outras porções da Cisjordânia ocupada.
Não há sinal de que Obama se considere obrigado por tais pactos verbais, cuja validade é contestada por autoridades americanas.
Dov Weisglass, que era o mais próximo assessor de Sharon, declarou a um jornal ontem que a questão deriva de um acordo sobre "crescimento natural" assinado em 1999 e refinado em 2002.
Os acordos verbais, posteriores, foram confirmados por Elliott Abrams, secretário-assistente de Estado no governo Bush.
A construção estaria liberada desde que não envolvesse novos assentamentos, não fossem expropriadas mais "terras palestinas", a expansão acontecesse "dentro da linha de construção atual" e que verbas públicas não fossem utilizadas para encorajar os colonos. A secretária de Estado de Bush, Condoleezza Rice, confirmou o entendimento, disse Weisglass.


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