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"Era um navio de ódio", diz Netanyahu
Segundo premiê, soldados de Israel enfrentaram "grupo radical e violento" formado por "apoiadores do terror"
Governante afirma
que bloqueio marítimo
a Gaza é necessário
para evitar que faixa vire "porto iraniano"
Jim Hollander/Reuters
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O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, defende ação militar contra frota de ativistas que matou nove em discurso de seu gabinete, em Jerusalém
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, rebateu ontem a onda mundial de condenação a seu país pela ação
militar contra uma frota humanitária que tentava romper o bloqueio marítimo à faixa de Gaza.
Na interceptação, nove ativistas foram mortos e mais de
30 ficaram feridos em confrontos com soldados israelenses. Netanyahu defendeu
o bloqueio dizendo que ele é
necessário para barrar as tentativas iranianas de armar o
grupo extremista palestino
Hamas, que controla Gaza.
"Vamos aos fatos: o Hamas continua a se armar. O
Irã continua a contrabandear
armas para Gaza", disse.
Para o premiê, "Israel enfrenta um ataque internacional de hipocrisia" enquanto
tenta impedir que a faixa de
Gaza se transforme numa base iraniana.
Esse é o objetivo, disse ele,
da ordem de inspecionar todas as embarcações que se
aproximam do território.
"Se não fizermos isso, haverá um porto iraniano em
Gaza, e o significado será
destrutivo para todo cidadão
de Israel", afirmou.
Israel tem sido acusado de
ter usado força excessiva e de
ter violado a lei internacional
ao abordar os navios fora de
suas águas territoriais. O governo diz, porém, que é permitido empreender uma
ação preventiva quando há
suspeita de atividade hostil.
Para Netanyahu, a reação
agressiva dos militantes à
abordagem dos soldados é
uma prova de que sua intenção não era humanitária. O
premiê disse que Israel se
ofereceu para transferir os
suprimentos a Gaza, mas os
ativistas recusaram e preferiram desafiar o bloqueio.
CONFRONTO
"Nossos soldados encontraram um grupo radical e
violento que apoiou grupos
terroristas internacionais e
hoje apoia o grupo terrorista
Hamas", afirmou. "Não era
um navio de amor. Era um
navio de ódio. Não era uma
frota de paz, era uma frota de
apoiadores do terror."
A frota de seis navios interceptada na madrugada de segunda levava 10 mil toneladas de suprimentos e mais de
700 militantes que tentavam
romper o bloqueio naval à
faixa de Gaza, imposto por Israel em 2007, após a tomada
do território pelo Hamas.
Os primeiros ativistas deportados ontem foram recebidos como heróis no Líbano
e no Kuait. Eles acusaram os
soldados israelenses de usar
força de forma indiscriminada e de abrir fogo contra uma
tripulação desarmada.
Para Netanyahu, porém,
ficou claro pelas conversas
que teve com soldados que
participaram da operação e
pelas imagens feitas a bordo
que muitos dos ativistas premeditaram a violência.
"Atacaram os soldados
com facas, porretes, roubaram suas armas e atiraram
neles. Esses são pacifistas?",
indagou o premiê.
O pronunciamento de Netanyahu ocorreu em meio a
intenso desconforto no governo não só com o resultado
da ação mas com a forma
com que foi decidida. O principal alvo de pressão é o ministro Ehud Barak (Defesa).
No Parlamento, a tensão
se transferiu para a conturbada relação entre deputados
judeus e árabes. Hanin Zoabi, deputada árabe de Nazaré, estava no navio onde
ocorreram as mortes e questionou a versão israelense.
"Estava claro pelo tamanho do comando enviado
que o objetivo não era interceptar a frota, mas causar o
maior número de baixas para
intimidar futuras iniciativas
semelhantes", disse Zoabi.
Alguns deputados da direita israelense tentaram impedir que ela continuasse o
discurso, acusando-a de traidora. Um tumulto se formou
no plenário e por pouco não
terminou em pancadaria.
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