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COMENTÁRIO
Mudança é iniciativa pessoal de Clinton
de Washington
A perspectiva de um processo
dos EUA contra Augusto Pinochet
representaria uma mudança radical na abordagem norte-americana sobre a situação do ex-ditador
chileno desde sua prisão, em outubro do ano passado.
Quando Pinochet foi detido em
Londres, a pedido da Justiça espanhola, os EUA negaram-se a comentar o episódio e chegaram a fazer tímidas gestões diplomáticas
para libertar o ex-ditador, alegando questões humanitárias (Pinochet tem 83 anos) e o risco de instabilidade no processo de redemocratização no Chile.
Aquela posição dos EUA resultava de vários fatores. Desde o fato
de Pinochet ter defendido interesses econômicos e políticos dos
EUA até indícios de que o próprio
golpe de Estado que derrubou Salvador Allende ter sido promovido
com a ajuda da CIA.
Segundo a Folha apurou junto a
um alto funcionário do Departamento de Estado, esses fatores se
mantêm como elementos inibidores da ação dos EUA, mas teriam
sido superados pela iniciativa pessoal do presidente Bill Clinton
-que seria um defensor do processo contra Pinochet- e por consultas que indicam que o governo
chileno não protestaria com a mesma intensidade com a qual criticou
a ação judicial na Espanha.
Segundo essa fonte, os chilenos
entendem que o caso norte-americano é diferente, pois envolve um
atentado ocorrido dentro do próprio território norte-americano
que matou uma cidadã dos EUA.
Na visão dos EUA, as mortes de
Letelier e de Moffitt não envolvem
nenhuma questão de Direito Internacional de difícil solução, pois os
EUA estariam defendendo o mesmo direito que os chilenos dizem
ter ao criticarem Espanha e Reino
Unido: o de julgar crimes cometidos em seu próprio território.
Há indícios de que, em fim de
mandato, Clinton estaria cada vez
mais animado a incluir o processo
contra Pinochet entre suas realizações no campo internacional.
(MA)
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