São Paulo, sábado, 03 de agosto de 2002

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Iniciativa iraquiana é recebida com ceticismo

DA REDAÇÃO

Os EUA foram céticos ao comentar o convite do Iraque para que a ONU envie o seu inspetor-chefe de armas a Bagdá. Para Washington, a iniciativa pode ser apenas uma manobra para ganhar tempo e evitar uma ação militar próxima contra o país.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Sean McCormack, disse que, de qualquer modo, os americanos vão manter a sua diretriz de que o ditador iraquiano, Saddam Hussein, precisa ser derrubado. Para a Casa Branca, o fim do regime ditatorial de Saddam e a volta da inspeção de armas são assuntos distintos.
"Nossa política continua a mesma. Tem sido a mesma desde 1995. Todo mundo entende a natureza de Saddam Hussein e de seu regime", disse McCormack.
O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, disse que o convite é bem-vindo, mas apontou que o cronograma proposto pelo Iraque é conflitante com o do Conselho de Segurança. Ou seja, se aceito, serviria realmente para postergar a agenda prevista pela ONU para o seguimento do caso.
Na quinta-feira, o chanceler iraquiano, Naji Sabri, disse que seu governo desejava a ida ao país do inspetor-chefe de armas da ONU, Hans Blix, para discutir o retorno das inspeções internacionais. As inspeções estão suspensas desde dezembro de 1998, quando a missão internacional deixou o Iraque protestando contra a falta de colaboração do regime de Saddam.
Vários diplomatas do Conselho de Segurança -que têm 15 países-membros- almoçaram com Blix para discutir o que fazer.
O Reino Unido -que, com Rússia, China, França e EUA, é membro permanente do Conselho de Segurança e tem poder de veto- também foi cético. "Saddam tem um longo histórico de joguinhos e enganações", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores britânico.
Já a Rússia, que se apresenta como uma determinada oponente da ação militar contra o Iraque, disse que a iniciativa iraquiana era positiva e deveria ser aceita.

Discussão desnecessária
O porta-voz McCormack acrescentou que, para os EUA, as discussões propostas por Bagdá são desnecessárias.
"Não há necessidade de discutir. Saddam Hussein precisa assumir os termos do acordo assinado em 1991 [que previa o fim de todos os programas de armas do Iraque"", afirmou.
"Deve ser um diálogo bem curto. Saddam Hussein tem apenas que dizer: "Sim, aceito a volta das inspeções a qualquer hora e em qualquer lugar"."
As sanções impostas pelas Nações Unidas em 1990, logo depois de o Iraque ter invadido o Kuait, só podem ser levantadas se os inspetores internacionais voltarem ao trabalho.
Uma resolução de 1999 do Conselho de Segurança manda o Iraque aceitar a volta dos inspetores e dá a eles 60 dias para fazer um relatório com as dúvidas a serem respondidas por Bagdá.


Com agências internacionais


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