São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2008

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Eleições nos EUA

Mídia agora faz cobertura mais negativa de democrata

Levantamento mostra que exposição é alta, mas ruim

DE WASHINGTON

Há duas semanas, enquanto Barack Obama monopolizava os refletores ao realizar uma viagem considerada bem-sucedida ao Oriente Médio -incluindo os dois fronts norte-americanos atuais, Iraque e Afeganistão- e à Europa, a campanha de John McCain colocou no ar um anúncio-provocação na internet. "The media is in love" (a mídia está apaixonada) era o título do vídeo, uma coletânea de cenas de favoritismo explícito de repórteres.
Os números pareciam amparar o republicano. Segundo o instituto conservador Media Research Center, os oito dias do périplo do democrata renderam 92 minutos nos principais telejornais das três maiores emissoras abertas dos EUA; viagem de sete dias feita por McCain em março para alguns dos lugares visitados por Obama valeu apenas oito minutos e meio de cobertura nos mesmos veículos de TV.
O republicano pode descansar. De acordo com estudo recém-divulgado pelo Center for Media and Public Affairs da Universidade George Mason, da Virgínia, muita cobertura não quer dizer cobertura positiva. De 8 de junho a 21 de julho, comentários sobre Obama feitos nos principais telejornais e emissoras noticiosas norte-americanos foram mais negativos (72%) que positivos (28%). No mesmo período, McCain foi alvo de 57% de comentários negativos e 43% de positivos.
Batizado "Mídia Detona Obama (Isso Não É um Erro de Digitação)", o levantamento foi conduzido por Robert Lichter, da Fox News, e analisou 249 reportagens, que tomaram 7 horas e 38 minutos de programação. "A pesquisa deveria acabar de vez com o pensamento tolo de que mais cobertura é necessariamente cobertura mais positiva", disse o comentarista conservador.
"Obama substituiu McCain como o candidato favorito da mídia após New Hampshire", disse Lichter, referindo-se às prévias democratas realizadas em janeiro naquele Estado, que deram a vitória a Hillary Clinton. "Mas agora as emissoras votam em ambos."
De fato, o clima de fim de lua-de-mel em relação a Obama pode ser sentido numa passada rápida pelos diversos noticiários da TV. Dos títulos no pé das telas às chamadas entre um bloco de comerciais e outros, o tom é diferente do que valeu sátira no programa humorístico "Saturday Night Live".
E o público começa a perceber a virada. De acordo com levantamento feito na semana passada pelo Pew Research Center, 42% dos ouvidos acham que a imprensa local não beneficia nenhum dos candidatos. É muito, mas mesma porcentagem ainda vê predileção por Obama, ante apenas 6% que acreditam que a mídia protege McCain. (SÉRGIO DÁVILA)


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