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Documento sobre bases gera suspeitas do Brasil
Texto da Força Aérea americana exalta autonomia de voos partindo da Colômbia
Governo brasileiro indagará o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, que visitará o país nesta semana, sobre o assunto
Saul Loeb - 6.mai.09/France Presse
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Jim Jones, assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, que se reunirá nos próximos dias com Celso Amorim e Nelson Jobim
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O governo brasileiro questionará o assessor de Segurança
Nacional da Casa Branca, Jim
Jones, que vem a Brasília nesta
semana, sobre um documento
da Força Aérea dos EUA apresentado em abril, num seminário militar, defendendo o uso
de uma base no centro da Colômbia, como plataforma de
operações de longo alcance.
O documento põe em dúvida
as versões preliminares dos
EUA e da Colômbia de que a
ampliação do acordo militar
dos dois países visa exclusivamente o combate ao narcotráfico, sem nenhum objetivo estratégico militar.
Pelo documento, operações a
partir da base de Palanquero
com o avião militar C-17 podem
cobrir metade do continente
sem necessidade de paradas
técnicas de reabastecimento, o
que reforça a desconfiança do
Brasil e de países vizinhos de
que o objetivo da ampliação militar americana na Colômbia
não é interno, para combate à
narcoguerrilha, mas externo,
para aumentar a presença dissuasória no continente.
A viagem protocolar de Jim
Jones já estava marcada previamente, mas ganhou importância com as tensões Colômbia-Venezuela. Ele terá encontros na quarta com os ministros
Celso Amorim (Relações Exteriores) e Nelson Jobim (Defesa), além de se reunir amanhã
com o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
Amorim já cobrou publicamente "transparência" na ampliação da presença americana
em bases colombianas. As embaixadas em Washington e em
Bogotá já pediram informações
oficiais aos dois governos.
Uma das dúvidas brasileiras
quanto ao avanço dos EUA sobre bases localizadas na Colômbia é que ele é justificado
com o combate à guerrilha das
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), mas o
próprio governo colombiano
diz há tempos que elas já estão
bastante fragilizadas.
Ao contrário, o Brasil analisa
duas hipóteses: a de que a intenção dos EUA seja transferir
para a Colômbia os equipamentos, o efetivo e as operações da sua base de Manta, no
Equador, depois que o presidente equatoriano, Rafael Correa, se recusou a renovar o
acordo militar com os EUA.
Além disso, Planalto e Itamaraty temem que a investida dos
EUA tenha como meta neutralizar a aproximação da Venezuela com o Irã e com a Rússia.
Defesa de Chávez
Na semana passada, a embaixadora Vera Machado, subsecretária de temas bilaterais do
Itamaraty, fez três perguntas
ao chefe do Comando Sul dos
EUA, general Douglas Fraser,
que esteve em Brasília: se as bases serão americanas ou continuarão sob controle da Colômbia; se haverá aumento de efetivo e qual é, efetivamente, a intenção da ampliação da presença americana no país.
Fraser contra-atacou perguntando sobre o questionamento da Colômbia e da Suécia
ao presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, sobre armas suecas que foram vendidas aos venezuelanos e acabaram em
mãos de guerrilheiros das Farc.
Em entrevista publicada ontem pela Folha, Amorim disse
que não dá para comparar a
questão das armas suecas com
o aumento da presença dos
EUA em bases colombianas.
"[A questão das armas] é desse
tamanhinho comparada com
as bases militares", disse.
Segundo ele, as armas são de
1988 e ainda não se sabe se foram parar com as Farc antes ou
depois de Chávez e como. "E se
foram roubadas?"
Amorim contou que, na conversa com Machado, Fraser
disse que uma das preocupações, hoje em dia, é que há até
"veículos submersíveis" que levam armas para os EUA e as
trazem para a América do Sul.
Concluiu o ministro: "Então,
há armas de várias procedências e nem por isso você pode
acusar os EUA de estar mandando essas armas para as Farc
ou para favelas do Rio. Muitas
armas chegam lá, nas Farc, como chegam nas favelas do Rio".
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