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Cúpula termina com promessas vagas
Enquanto Israel e ANP apertam as mãos, turbulências no Oriente Médio põem em risco reais chances de paz
Netanyahu e Abbas acertam cronograma de encontros; o próximo será nos dias 14 e 15, possivelmente no Egito
Jewel Samad/France Presse
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Com Hillary,Netanyahu (à dir.) e Abbas (à esq.) apertam as mãos após reunião em Washington; eles acordaram cronograma de reuniões bilaterais
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
As primeiras conversas diretas em 20 meses entre os líderes israelense e palestino
terminaram ontem em Washington com promessas de
"empenho" e uma agenda de
novos encontros, enquanto
no Oriente Médio turbulências já ameaçam as parcas
chances de um acordo final.
Os EUA levaram mais de
um ano em esforços diplomáticos apenas para reunir
na mesma mesa por uma hora e meia o premiê de Israel,
Binyamin Netanyahu, e o
presidente da Autoridade
Nacional Palestina (ANP),
Mahmoud Abbas.
Pouco foi revelado sobre o
conteúdo da conversa, mas
já está marcada nova cúpula
para os dias 14 e 15 deste mês,
provavelmente no Egito. Para a Casa Branca, o fato de
haver uma data fixa e de a
próxima reunião ser no
Oriente Médio são duas medidas de sucesso inicial.
Depois, deve haver reuniões a cada duas semanas.
Antes do encontro no Departamento de Estado, tanto
Netanyahu quanto Abbas fizeram discursos nos quais,
enquanto defenderam suas
posições, mencionaram as
prioridades do outro lado.
Netanyahu disse estar "totalmente ciente e respeitoso
do desejo [dos palestinos] de
soberania". Já Abbas foi rápido em condenar a violência.
"Temos um aparato de segurança ainda sendo construído, ainda jovem, mas que
está fazendo tudo que é esperado dele. [...] Consideramos
a segurança essencial, vital,
para ambos", disse.
A secretária de Estado dos
EUA, Hillary Clinton, abriu
as negociações reconhecendo que esse é um caminho
que já foi percorrido muitas
vezes, e sem sucesso. Mas reiterou confiança no prazo de
Washington de um ano para
que as conversas levem a um
quadro geral de acordo.
Todos reiteraram o objetivo comum de uma solução
de dois Estados que resolva
todas as pendências -como
a disputa por Jerusalém e a
questão das colônias judaicas nos territórios ocupados.
Este último deve ser o primeiro desafio da atual rodada, já que vence no dia 26 o
congelamento estipulado
por Israel para assentamentos na Cisjordânia. Netanyahu indicou que não pretende
estendê-lo, e Abbas, que isso
ameaça as conversas.
AMEAÇAS
Enquanto Netanyahu falava em paz em Washington, o
núcleo mais duro da direita
israelense fazia promessas
que ameaçam as conversas.
Em resposta aos dois atentados em dois dias cometidos
na Cisjordânia por terroristas
palestinos, o conselho de assentamentos judaicos confirmou ontem que já pretende
ignorar a moratória de dez
meses e retomar a construção nos territórios ocupados.
O diretor do conselho, Naftali Bennett, deixou claro que
as construções serão reiniciadas imediatamente em pelo menos 80 assentamentos.
"Na prática, o congelamento
acabou", disse ele.
Ainda ontem, depois de
dois dias de buscas e mais de
300 detenções, a ANP anunciou que suas forças de segurança prenderam dois suspeitos de participação no
atentado que matou quatro
colonos judeus na terça perto
de Hebron, na Cisjordânia.
Leia coluna de Clóvis
Rossi sobre as
negociações
folha.com.br/pr793068
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