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Analistas em Israel veem "novo Bibi"
DE JERUSALÉM
No bazar da negociação
de paz reaberto ontem, o
premiê de Israel buscou
vender a imagem de que
passou por uma mudança
capaz de levá-lo a fazer as
"duras concessões" necessárias para um acordo com
os palestinos.
Embora não tenha revelado suas cartas sobre os temas mais difíceis da barganha, a fala de Binyamin Netanyahu na Casa Branca
convenceu alguns dos principais analistas israelenses
de que algo mudou.
"É um novo Bibi", decretou o analista político Raviv
Drucker, usando o apelido
pelo qual o premiê é conhecido no país.
"A mudança está não só
no que ele disse, usando
uma linguagem que antes
era típica da esquerda, mas
no que não disse, pois deixou de fora todas as exigências que sabe serem inaceitáveis para os palestinos."
A virada na retórica de Bibi, sempre posicionado com
a ideologia linha-dura de
seu partido, o Likud, começou com um discurso há
cerca de um ano na Universidade Bar Ilan.
Nele, o premiê se tornou
o primeiro líder do Likud a
manifestar apoio à ideia de
um Estado palestino lado a
lado com Israel.
Desde então, ele tem repetido a ideia, mas com tantas reservas que muitos viram no gesto apenas um
golpe de marketing.
A reação no mundo árabe
foi fria, sobretudo porque
Bibi não mostrou nenhuma
inclinação em aceitar as
fronteiras de 1967, a exigência básica dos palestinos.
Ontem, Netanyahu manteve o silêncio sobre as fronteiras, mas seu tom surpreendeu alguns veteranos
observadores do conflito.
"É outra música a que ouvimos", disse Ehud Yaari,
um dos mais respeitados
analistas de Israel. "O discurso poderia perfeitamente ter sido dito por [Shimon]
Peres. Parece que Netanyahu passou por uma mudança psicológica."
Para o cientista político
Gideon Doron, da Universidade de Tel Aviv, entre o Bibi do primeiro mandato
(1996-1999) e o atual há algumas diferenças que favorecem a obtenção de um
acordo com os palestinos.
O premiê goza de um ambiente político mais cômodo, com uma coalizão estável e uma oposição fraca.
Além disso, sua maior preocupação é o Irã, o que poderia resultar numa barganha
em que os americanos reforçam a campanha contra
Teerã em troca de concessões aos palestinos.
"O que mudou foi sua
ideologia operacional, pois
ele precisa dos americanos
para sobreviver politicamente. Resta saber se isso o
levará a aceitar o mínimo
que os palestinos demandam", diz Doron.
(MN)
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