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Confronto entre palestinos avança com mais 2 mortos
Premiê do Hamas lança apelo à calma; Abbas quer convocar eleição antecipada
Incidente mais grave surgiu
de briga entre milícias do Fatah e do Hamas em campo de refugiados de
Gaza; governo está parado
DA REDAÇÃO
No segundo dia de violentos
confrontos entre facções rivais
palestinas, duas pessoas foram
mortas, e 21 outras, feridas na
faixa de Gaza e na Cisjordânia
O primeiro-ministro Ismail
Haniyeh, do grupo extremista
Hamas, exortou os beligerantes
à calma, enquanto um porta-voz de seu maior rival, o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud
Abbas, do Fatah, disse que "algo precisa ser feito com urgência" -como a formação de um
governo de coalizão integrado
por tecnocratas ou a convocação de eleições antecipadas.
Os incidentes de ontem começaram quando 5.000 partidários de Abbas promoveram
manifestação no campo de refugiados de Rafah, em Gaza, pedindo o desmantelamento da
milícia do Hamas e a demissão
do ministro do Interior, Saied
Seyman, ligado ao grupo.
Policiais e manifestantes trocaram tiros em batalha campal
semelhante à que matou oito
no domingo. Um policial e um
manifestante foram internados
em estado grave.
Horas antes, outro conflito
irrompeu no hospital principal
de Shifa, onde estava sendo velado um militante do Fatah. A
polícia do Hamas entrou em
conflito com familiares do
morto, matando uma pessoa e
ferindo duas outras.
A violência também se alastrou pela Cisjordânia, onde em
Jericó policiais do Fatah mataram um garçom que se recusava a fechar seu restaurante, em
meio a uma greve convocada
para protestar contra a violência de milicianos do Hamas e
das vítimas da véspera. Ainda
na Cisjordânia, homens armados feriram um guarda-costas
do vice-premiê Nasser Shaer,
que não estava no local.
Colapso institucional
Os conflitos têm pano de fundo o colapso econômico da
ANP, em razão da cessação dos
repasses fiscais israelenses e da
ajuda americana após a chegada do grupo extremista ao poder nas eleições do início deste
ano. O Hamas já cometeu atentados terroristas contra israelenses e não reconhece o direito à existência do Estado judeu.
Sem poder manter em funcionamento a estrutura burocrática palestina, o Hamas decidiu fechar ministérios e outros serviços públicos, onde milhares de empregos são detidos
por palestinos ligados ao Fatah.
"Esses incidentes devem cessar de imediato", disse o premiê
Haniyeh durante reunião de
seu gabinete em Gaza.
Um deputado independente,
Hassan Khreisheh, deu declarações à Reuters em que acusa
os dois lados, o Hamas e o Fatah, de estimularem o colapso
da lei e da ordem.
À noite, paramilitares ligados
a Abbas assumiram o controle
dos principais cruzamentos de
Gaza, o que levou o Hamas a retirar seus milicianos, segundo
roteiro previsto por um mediador egípcio na região.
A disputa pelo poder entre o
Fatah e o Hamas tem componentes bastante complexos. Os
Estados Unidos pressionam
Abbas a não participar de um
governo conjunto com o Hamas, enquanto esse grupo não
renunciar ao terrorismo e reconhecer Israel.
A questão deverá ser discutida ainda nesta semana pela secretária de Estado americana,
Condoleezza Rice, que está em
visita ao Oriente Médio.
Os conflitos internos entre
palestinos também reforçam,
entre os israelenses, a certeza
de que não têm um interlocutor para retomar as negociações de paz. Nesse quadro, Israel mantém sua política unilateral de ampliação dos assentamentos judaicos na Cisjordânia, o que alimenta tensões e
radicalismos.
As instituições públicas palestinas estavam ontem praticamente paralisadas pela greve. Os simpatizantes de Abbas o
pressionam para que ele obtenha ajuda externa, mas fora do
mundo árabe -a questão foi
ontem discutida no Cairo.
Com agências internacionais
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