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Sul-coreano ganha aval para chefiar ONU
Em votação informal, Ban Ki-Moon foi o único dos seis candidatos a secretário-geral a não ter veto no Conselho de Segurança
Atual chanceler da Coréia
do Sul obtém 14 votos a
seu favor dentre os 15 do conselho; votação formal será no dia 9 de outubro
DE NOVA YORK
O chanceler sul-coreano, Ban
Ki-Moon, 62, recebeu ontem o
aval dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU para tornar-se
o próximo secretário-geral do
organismo, em substituição ao
ganense Kofi Annan, que deixa
o posto em 31 de dezembro.
A votação formal pelo CS será no próximo dia 9. Em seguida, a recomendação deve ser
referendada pela Assembléia
Geral. Caso seja confirmado, o
que é dado como certo, Ban será o oitavo secretário-geral em
60 anos de ONU.
"É bastante claro após a votação de hoje [ontem] que o ministro Ban Ki-Moon é o candidato que o Conselho de Segurança irá recomendar", disse o
embaixador da China na ONU,
Wang Guangya.
Ban foi o único dos seis candidatos ao posto que não foi vetado por um dos cinco membros permanentes do CS-
EUA, Reino Unido, França,
China e Rússia- na votação informal de ontem, a quarta desde julho. Ele obteve 14 votos
positivos e uma abstenção dentre os 15 membros (5 permanentes e 10 rotativos).
Além de Ban, participavam
da disputa o indiano Shashi
Tharoor, subsecretário da
ONU para Comunicações e Informação Pública; Surakiart
Sathirathai, vice-chanceler do
governo deposto da Tailândia; a
presidente letã, Vaira Vike-Freiberga; Ashraf Ghani, ex-ministro da Economia afegão, e
o príncipe Zeid al Hussein, embaixador na ONU da Jordânia.
Após a divulgação dos resultados, o indiano Tharoor anunciou que abandonaria a disputa.
"É claro que ele será nosso próximo secretário-geral", disse
Tharoor, que recebeu dez votos
positivos, três negativos e um
veto, ficando em segundo lugar.
O embaixador dos EUA na
ONU, John Bolton, disse ter
"muito respeito" por Ban.
Diplomata de carreira, o sul-coreano é visto como uma pessoa amável e que raramente entra em disputas verbais. Como
chanceler, lidou com temas espinhosos como o impasse nuclear com a Coréia do Norte.
"Às vezes posso ser visto como
uma liderança fraca. Mas tenho
força interior. Isso é algo que
normalmente pessoas do exterior têm dificuldade em ver",
disse Ban recentemente.
Votação
O sistema de votação para a
escolha do secretário-geral da
ONU começa com o envio das
indicações dos países-membros ao CS, que depois simula
votações para saber a preferência de seus integrantes.
Cada país diz se "encoraja",
"desencoraja" ou expressa "nenhuma opinião" sobre o candidato. O sistema vale como alerta para que candidatos preteridos abram mão da disputa e
não passem pelo constrangimento de ser vetado.
Após as votações simuladas,
o CS inicia o processo de escolha. Caso tenha veto de um dos
membros permanentes, o candidato é eliminado. O vencedor
precisa de ao menos nove votos
positivos e nenhum veto.
Escolhido o candidato de
consenso, o nome é eleito por
aclamação dos 192 países da
Assembléia Geral.
Não existe debate ou campanha eleitoral. Os candidatos
não são sabatinados. Essa restrição da escolha do secretário-geral ao CS é criticada pelo Movimento dos Não-Alinhados e
pela Assembléia Geral, que reivindicam papel mais ativo.
A sucessão na ONU não tem
regras eleitorais claras, e todo o
processo é consuetudinário,
baseado no costume, no acordo
diplomático e nas decisões dos
membros permanentes do CS.
Há um consenso na organização de que o novo secretário-geral seja asiático, na seqüência
de rotatividade geográfica que
manda a tradição.
Historicamente, todos os secretários-gerais da ONU são de
países sem liderança regional.
Os antecessores mais recentes
de Annan foram o egípcio Boutros Boutros-Ghali (1992-1996)
e o peruano Javier Perez de
Cuellar (1982-1991).
Ao longo dos anos, o secretário-geral da ONU passou a ganhar dimensão política relevante como mediador de conflitos internacionais. Enfraquecido com a Guerra do Iraque, o cargo é o foco das discussões sobre a reforma da ONU.
(VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)
Colaborou a Redação
Com agências internacionais
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