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comentário
Republicana saiu maior do que entrou
NELSON DE SÁ
COLUNISTA DA FOLHA
Quem esperava um amontoado de gafes, quase uma
comédia no horário nobre,
como prenunciava a cobertura americana, deve ter se
sentido fraudado.
A republicana Sarah Palin
estava bem treinada, falava
vagamente, generalidades,
mas sem qualquer erro mais
grotesco. Confundiu o nome
de um general contemporâneo, McKiernan, com outro,
ao que parece McClellan, figura dos livros escolares,
mas parou por aí.
Denunciava alguma tensão, mas só na primeira meia
hora e tratando de economia,
depois se firmou.
Joseph Biden, cujo amontoado de gafes também ocupou o YouTube nos dias que
antecederam o debate, não
mostrou seu lado desastrado. Pelo contrário, foi sensato, venerando até.
E foi respeitoso com a oponente, talvez sorrindo além
da conta, mas obviamente
programado para não soar
presunçoso com uma candidata mulher.
De sua parte, também
além da conta, ela foi mais
popular, "comum", acumulando expressões do americano "main street", da rua
principal, mas também dentro do aceitável.
De resto, defenderam ou
questionaram antes seus
parceiros de chapa do que
trataram de si mesmos, como é regra em debates de
candidatos a vice -os quais,
registre-se, nunca receberam tanta atenção, por conta
inteiramente dela.
Quanto à apresentação visual, o contraste acentuou os
cabelos brancos do senador
democrata, mas também a
juventude e a excessiva gaiatice da governadora republicana. Mas estava bonita e
não soou, como na entrevista
à CBS, estúpida.
No único tema que importa, a crise, Biden conseguiu
deixar em John McCain a
marca de quem achava, até
duas semanas atrás, que o
fundamentos da economia
seguiam "fortes".
Em reação, Palin tentou
dar uma justificativa sem
maior sentido para a declaração, dizendo que McCain se
referia aos trabalhadores
americanos como "fortes".
Esperta, escapou e partiu para a resposta programada, de
ataque à ganância e à corrupção em Wall Street.
A republicana evitou até o
extremo citar George W.
Bush, enquanto o democrata
também exagerou de tanto
mencionar Bush. E ambos
disputaram palmo a palmo a
"classe média".
De resto, Sarah Palin não
foi o desastre tão anunciado,
o que já vale muito.
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