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Texto visa "desmonte" do governo Obama
Às vésperas de eleição, Partido Republicano divulga documento com propostas de cortes e revogação de leis
Chamado "Promessa à América", manifesto pede fim da reforma da saúde e menos impostos para classes mais ricas
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Em 45 páginas recheadas
de referências aos ideais
americanos, deputados republicanos explicitaram o
desmonte que pretendem fazer nas reformas do governo
de Barack Obama caso consigam maioria no Congresso
no pleito de novembro.
O conteúdo é coerente
com a oposição que a minoria fez a Obama até agora.
Exorta cortes de gastos públicos, quer repelir totalmente a reforma do sistema de
saúde -uma das assinaturas
da atual gestão-, mantém
descontos em impostos para
os mais ricos, entre outros.
O manifesto, chamado de
"Promessa à América", tenta
mergulhar na experiência do
"Contrato com a América",
proposta que ajudou os republicanos a reconquistar
maioria na Câmara e no Senado em 1994, após 40 anos
de domínio democrata.
Mas, na linguagem e na
amplitude, a "Promessa" é
um plano mais ambicioso.
"América é mais do que
um país", diz o texto. "América é uma ideia -de que pessoas livres podem governar a
si mesmas, de que os poderes
do governo derivam do consentimento dos governados,
de que cada um recebeu do
Criador direito à vida, liberdade e busca da felicidade."
O manifesto de 1994 tinha
apenas duas páginas e pedia
responsabilidade fiscal, limites a mandatos no Congresso
e luta contra o crime.
Para o analista conservador Michael Barone, a "Promessa" vai longe demais.
"Talvez até passassem
uma lei na Câmara para repelir a reforma da saúde", disse
à Folha. "Mas não conseguiriam no Senado e será praticamente impossível aprovar
outra no lugar."
O ponto forte, segundo ele,
é a ideia de reverter os gastos
públicos a níveis pré-2008
-antes dos pacotes de estímulo à economia e do resgate aos bancos de Obama.
Para Clyde Wilcox, professor da Universidade Georgetown, "o documento é uma
tentativa de responder à acusação democrata de que os
republicanos não fazem nada a não ser oposição".
"Mas os planos são vagos e
difíceis de cumprir. Não foram bem elaborados."
Apesar da grandiosidade
do texto, seu lançamento foi
singelo -contou com apenas
12 deputados em evento em
uma loja de materiais de
construção da Virgínia.
Em contraste, o "Contrato"
foi assinado por 367 deputados e candidatos republicanos que apresentaram o texto nos degraus do Capitólio.
A decisão de baixar o tom
reflete o momento republicano atual. Apesar de ser cada
vez mais certo que controlarão a Câmara (estão 3,5 pontos a frente dos democratas
no voto genérico, com 56,5%
a 43%), o establishment do
partido está ameaçado.
"O Partido Republicano é
um grupo dividido entre ativistas do [movimento ultraconservador] Tea Party e eleitores regulares", diz Wilcox.
Segundo envolvidos na
elaboração da proposta, decidiu-se por não pedir assinatura de candidatos por medo
de rechaço dos aspirantes na
ala mais à direita, que poderiam considerar os planos insuficientes.
Lançada em fins de setembro, a "Promessa" ainda não
teve impacto junto ao público comparável ao do "Contrato". Resta saber o que significará nas urnas em 2 de
novembro.
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