São Paulo, sexta-feira, 03 de novembro de 2006

Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES NOS EUA/DANOS DE COMBATE

Erosão do apoio à guerra favorece a oposição democrata

A cinco dias da votação, 52% dos eleitores mostram preferência pelos democratas e 33%, pelos republicanos, segundo o "Times"

Levantamentos apontam ainda que apoio à política de Bush no Iraque é o mais baixo em todo o mandato e é tema central da campanha

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK

A cinco dias das eleições legislativas nos EUA, pesquisa encomendada pelo jornal "New York Times" em parceria com a rede CBS revela larga vantagem do Partido Democrata sobre o Republicano. Embora não revele dados específicos por Estado, nem sobre a disputa para a Câmara e para o Senado, o "Times" indica que 52% do eleitorado votará em democratas, contra 33% em republicanos.
O resultado é semelhante ao cenário divulgado na véspera por pesquisa do "Wall Street Journal" com a rede NBC: 52% para os democratas e 37% para os republicanos.
O levantamento aponta o peso da Guerra do Iraque como tema principal da campanha. Apenas 29% dos eleitores americanos aprovam a política de George W. Bush para o país. O resultado é o pior em três anos e sete meses de conflito.
A maioria dos entrevistados espera que os democratas reduzam o contingente no Iraque, caso consigam o controle do Congresso na próxima terça. Já uma vitória republicana, crêem os eleitores, implicaria no aumento das tropas.
Segundo o "Times", 50% dos eleitores independentes, os mais disputados, revelaram intenção de voto nos candidatos democratas, contra 23% para os partidários de Bush. Nos EUA, onde o voto não é obrigatório, ao se registra para votar o eleitor se declara republicano, democrata ou independente.
Embora diga ver mudanças com uma vitória democrata, os entrevistados afirmam que nenhum dos partidos tem plano de governo. Os entrevistados dizem acreditar que os democratas vão aumentar o salário mínimo, reduzir preço de remédios, conter a inflação e elevar a carga tributária -o aumento dos impostos é a principal munição dos republicanos contra os adversários.
Quanto à guerra ao terror empreendida por Bush, eleitores dizem que o risco de ataque é maior sob os republicanos.

Popularidade
A aprovação pessoal do presidente se manteve em 34%, estável em relação a última pesquisa, de três semanas atrás. O índice está nove pontos percentuais abaixo daquele de Bill Clinton em outubro de 1994, quando os republicanos surpreenderam os democratas com a maioria da Câmara, e 28 pontos abaixo da aprovação de Bush às vésperas das eleições legislativas de 2002.
Num ano pautado por escândalos nos EUA, 58% dos eleitores dizem ver corrupção em Washington, e 35% apontam os republicanos como os mais corruptos, contra 15% para os democratas.
Segundo o perfil do eleitorado, os democratas saem em vantagem em todos os extratos: são os preferidos entre brancos, negros, hispânicos, ricos, pobres, evangélicos, católicos, homens, mulheres, e em todas as regiões do país.
Na tentativa de evitar a perda de maioria no Congresso, líderes republicanos se aproveitam de um tropeço do senador democrata e ex-adversário de Bush na corrida presidencial de 2004, John Kerry. O ex-candidato disse nesta semana a um grupo de alunos que estudassem muito caso não quisessem ficar "atolados no Iraque".
Preocupados com um possível impacto negativo da declaração, membros do partido democrata sugeriram anteontem a Kerry que pedisse desculpas e se ausentasse da campanha. As pesquisas do "Times" e do "Journal" foram realizadas antes das declarações de Kerry.


Próximo Texto: Associação entre republicanos e lobistas ajudou a minar a imagem do Congresso
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.