São Paulo, terça-feira, 03 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ataque no Paquistão mata 35, e ONU anuncia retirada

Violência é vista como reação à campanha militar contra bastião de insurgentes

Exército paquistanês ocupa um "centro operativo" do Taleban, e governo oferece dinheiro por captura de líderes do grupo extremista

DA REDAÇÃO

O Paquistão foi alvo de mais dois atentados suicidas ontem, em aparente nova reação do Taleban à ofensiva do Exército paquistanês contra bastiões dos radicais islâmicos. A violência deve forçar a saída da ONU de locais de risco.
Em Rawalpindi, perto da capital Islamabad (nordeste), um duplo atentado à bomba em frente a um banco deixou 35 mortos (entre eles quatro militares) e 60 feridos. Horas depois, em Lahore, no leste do país, a explosão de um carro perto de um posto policial deixou ao menos sete oficiais feridos, dois deles em estado crítico. Dois supostos homens-bomba morreram.
Em Rawalpindi, o local do atentado -um centro comercial perto de um quartel militar- ficou repleto de cacos de vidro e restos de carne humana carbonizada, de pessoas que esperavam na fila do banco para sacar seus salários.
O chanceler paquistanês, Shah Mehmood Qureshi, disse que os ataques "não diminuirão nossa determinação em erradicar a ameaça [do Taleban]".
Nenhum grupo reivindicou as ações de ontem, mas, no último mês, ataques atribuídos ao Taleban deixaram mais de 300 mortos, alguns deles funcionários da ONU. A onda de atentados é vista como uma resposta à operação militar paquistanesa iniciada em 17 de outubro no distrito tribal de Waziristão do Sul (fronteira com o Afeganistão), contra os insurgentes do Taleban que controlam grande parte da região.
Ante o recrudescimento da violência e em decorrência da morte de 11 de seus membros em atentados no último ano, a ONU anunciou ontem a retirada de seu pessoal -salvo os que prestam serviços considerados vitais- de áreas tribais e da Província da Fronteira Noroeste, além da suspensão de seus programas de longo prazo.
A decisão deve piorar ainda mais a situação dos refugiados -estima-se que 250 mil tenham fugido recentemente das zonas sob conflito militar- e dificultar o esforço para melhorar a vida diária dos paquistaneses em áreas de risco.
Um porta-voz da Chancelaria paquistanesa disse que a decisão da ONU era compreensível, mas que esperava que o órgão retomasse seus trabalhos após a conclusão da atual ofensiva militar.
Essa ofensiva resultou, ontem, na tomada pelo Exército da cidade de Kaniguram, um "centro operativo" do Taleban no Waziristão do Sul. Os militares dizem que 12 supostos terroristas foram mortos na operação.

Recompensa
Enquanto isso, o governo paquistanês publicou anúncios nas capas dos jornais locais oferecendo recompensa de US$ 5 milhões pela captura ou morte de Hakimullah Mehsud, líder do Taleban no Paquistão, e de outros 15 comandantes do grupo radical islâmico, qualificados como responsáveis "pela morte diária de muçulmanos inocentes".
E, no mesmo dia em que Rawalpindi foi alvejada por um ataque, o comandante das tropas americanas e da Otan (aliança militar ocidental) no Afeganistão, general Stanley McChrystal, reuniu-se na cidade com o líder do Exército paquistanês, general Ashfaq Parvez Kayani. A Embaixada dos EUA não confirmou se McChrystal já estava em Rawalpindi na hora do atentado.
A campanha militar nas áreas tribais paquistanesas é apoiada pelos EUA, que consideram o combate aos insurgentes no Paquistão crucial para sua vitória na guerra afegã. Washington aprovou recentemente US$ 7,5 bilhões em ajuda não militar ao Paquistão.
Na semana passada, a secretária de Estado, Hillary Clinton, visitou o país e prometeu apoio, mas ao mesmo tempo disse duvidar de que o governo paquistanês não saiba onde se encontram os líderes da Al Qaeda em seu território. Acredita-se que os insurgentes tenham criado um Estado paralelo dentro do Paquistão, ao qual o governo faria vista grossa.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: AIEA cobra rapidez em resposta do Irã a potências nucleares
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.