São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2010

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O IMPÉRIO VOTA

"Demonizada", Wall Street torce por derrota democrata


Insatisfeito por ser culpado pelo presidente pela crise, mercado financeiro seca as doações ao partido de Obama

Há também reclamação por "regulação em excesso'; ações sobem antecipando o revés do presidente americano

Jewel Sama/France Presse
Mulher utiliza urna eletrônica na eleição de meio demandato em Silver Spring, Maryland

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

Em Wall Street, região "culpada" pelo governo do presidente Barack Obama pela crise financeira que estourou em 2008, uma vitória republicana no Congresso será bem-vinda.
A torcida do mercado financeiro contra os democratas tem duas razões: a retórica do governo, vista como "demonizadora" de Wall Street, e os esforços regulatórios dos últimos dois anos.
Obama é visto por muitos como alguém "antinegócios". Um investidor que não quis se identificar disse à Folha que os EUA não querem ser um país socialista.
Ontem, as ruas esvaziadas de Wall Street não davam sinais de que era eleição.
Mesmo com um local de votação instalado em um prédio residencial a uma quadra da Bolsa de Nova York, não se viam grupos debatendo ou panfletos sendo distribuídos.
As ações, em compensação, fecharam em alta, em antecipação a uma possível vitória republicana.
Segundo a agência Reuters, um resultado negativo para Obama deve encorajar os mercados e ajudar a estimular o apetite pelo risco.
"Wall Street não gosta muito das políticas implementadas por Obama. Minha impressão é a de que esse tipo de mudança será bem-vinda pelos mercados", afirmou à Folha David Resler, economista-chefe do banco de investimento Nomura Securities.
Para Resler, há "considerável decepção com as políticas e com a retórica direcionada por Obama à comunidade financeira".

SECA DE DOAÇÕES
Jean Ergas, consultor de macroeconomia do GC Group Capital, baseado em Wall Street, afirmou que "está claro que muitos no mercado querem despertar o governo para o fato de que nem toda a comunidade financeira é responsável pela crise".
Ergas lembra que "existe apoio aos democratas" em Wall Street, mas ressalva que "muitos querem uma vitória republicana na Câmara dos Representantes [deputados] para bloquear novas propostas vistas como empecilho à competitividade".
Se em 2008 parte de Wall Street apoiou Obama com doações significativas, neste ano as campanhas democratas se viram distantes do dinheiro dos investidores.
Segundo o grupo Center for Responsive Politics, em setembro, 71% das doações foram para o partido de oposição, contra 44% no mesmo período do ano passado.
De acordo com o "New York Times", "analistas e lobistas dizem que um Congresso controlado pelos republicanos pode estar menos inclinado a investigar práticas da indústria ou realizar audiências que possam constranger o mercado".
A dificuldade para aprovar leis em um governo dividido é vista como um "respiro" do que é tido por investidores como excesso de regulação.


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