São Paulo, terça-feira, 03 de dezembro de 2002

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A OPOSIÇÃO

"Paralisação foi um sucesso total"

DA REDAÇÃO

O governo venezuelano deve abrir caminho para uma saída eleitoral para o atual conflito político no país ou se responsabilizar pelas consequências. Quem afirma é Carlos Fernández, presidente da Fedecámaras, a principal associação empresarial do país e um dos organizadores da paralisação de ontem. "A paralisação foi um sucesso total", disse ele à Folha, por telefone, de Caracas. (RW)

Folha - Que objetivo teve a paralisação?
Carlos Fernández -
Ela é um instrumento para pressionar o governo, na mesa de negociação, a abrir espaços para uma consulta eleitoral. Queremos uma consulta popular para perguntar se o povo quer que o presidente renuncie voluntariamente ao cargo.

Folha - O governo diz que a Constituição só permite a realização de um referendo depois de agosto. Não é possível esperar até lá?
Fernández -
Os artigos 70 e 71 da Constituição são claros, permitem que as matérias especiais sejam tratadas por um referendo consultivo. A situação de ingovernabilidade que vive o país é uma situação especial e deve ser tratada com qualquer dispositivo que preveja a Constituição. Já recolhemos 1,5 milhão de assinaturas a favor do referendo, e esperamos que essa decisão seja respeitada.

Folha - O governo diz que a oposição não quer negociar e que mantém uma posição golpista.
Fernández -
Estamos permanentemente na mesa de negociações, apresentamos diferentes opções. O governo não apresentou nada. Esse é um governo mentiroso, que engana a comunidade internacional mandando mensagens de discurso duplo. A realidade é que não há nenhuma vontade do governo de buscar uma saída.

Folha - O que acontecerá se o governo negar o referendo?
Fernández -
O governo tem de dar os espaços para essa consulta. Do contrário, recairá sobre ele a responsabilidade sobre o que aconteça.

Folha - Pode haver outro golpe?
Fernández -
Simplesmente o governo tem de abrir os espaços. Senão, ficará à margem da Constituição, à margem dos princípios democráticos. Estará ferindo a Carta Democrática da OEA.
O governo prepara um autogolpe há muito tempo. Está dando os elementos para ir nessa direção. A recente intervenção na Polícia Metropolitana é parte dessa estratégia, que vai por capítulos. O que Chávez quer é instaurar um regime comunista. Isso está claro. A destruição da economia é permanente. A intervenção nas Forças Armadas mostra claramente qual é sua intenção e para onde vai.


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