Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A OPOSIÇÃO
"Paralisação foi um sucesso total"
DA REDAÇÃO
O governo venezuelano deve
abrir caminho para uma saída
eleitoral para o atual conflito político no país ou se responsabilizar
pelas consequências. Quem afirma é Carlos Fernández, presidente da Fedecámaras, a principal associação empresarial do país e um
dos organizadores da paralisação
de ontem. "A paralisação foi um
sucesso total", disse ele à Folha,
por telefone, de Caracas.
(RW)
Folha - Que objetivo teve a paralisação?
Carlos Fernández - Ela é um instrumento para pressionar o governo, na mesa de negociação, a
abrir espaços para uma consulta
eleitoral. Queremos uma consulta
popular para perguntar se o povo
quer que o presidente renuncie
voluntariamente ao cargo.
Folha - O governo diz que a Constituição só permite a realização de
um referendo depois de agosto.
Não é possível esperar até lá?
Fernández - Os artigos 70 e 71 da
Constituição são claros, permitem que as matérias especiais sejam tratadas por um referendo
consultivo. A situação de ingovernabilidade que vive o país é uma
situação especial e deve ser tratada com qualquer dispositivo que
preveja a Constituição. Já recolhemos 1,5 milhão de assinaturas a
favor do referendo, e esperamos
que essa decisão seja respeitada.
Folha - O governo diz que a oposição não quer negociar e que mantém uma posição golpista.
Fernández - Estamos permanentemente na mesa de negociações,
apresentamos diferentes opções.
O governo não apresentou nada.
Esse é um governo mentiroso,
que engana a comunidade internacional mandando mensagens
de discurso duplo. A realidade é
que não há nenhuma vontade do
governo de buscar uma saída.
Folha - O que acontecerá se o governo negar o referendo?
Fernández - O governo tem de
dar os espaços para essa consulta.
Do contrário, recairá sobre ele a
responsabilidade sobre o que
aconteça.
Folha - Pode haver outro golpe?
Fernández - Simplesmente o governo tem de abrir os espaços. Senão, ficará à margem da Constituição, à margem dos princípios
democráticos. Estará ferindo a
Carta Democrática da OEA.
O governo prepara um autogolpe há muito tempo. Está dando os
elementos para ir nessa direção. A
recente intervenção na Polícia
Metropolitana é parte dessa estratégia, que vai por capítulos. O que
Chávez quer é instaurar um regime comunista. Isso está claro. A
destruição da economia é permanente. A intervenção nas Forças
Armadas mostra claramente qual
é sua intenção e para onde vai.
Texto Anterior: O governo: "Comércio é de uma segunda normal" Próximo Texto: Iraque: Inspetores notam sumiço de equipamento iraquiano Índice
|