|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Argentina cria fundo para vítimas da ditadura
DA REDAÇÃO
O Senado da Argentina aprovou na madrugada de ontem por
unanimidade uma lei que cria um
fundo de financiamento para a localização e restituição de filhos de
desaparecidos políticos durante a
última ditadura no país (1976-1983).
A medida que cria o Fundo de
Reparação Histórica já havia sido
aprovada pela Câmara dos Deputados e agora vai à sanção do presidente Néstor Kirchner.
Segundo a lei, a associação Avós
da Praça de Maio receberá mensalmente a quantia de 15 mil pesos
(cerca de R$ 15 mil), durante dois
anos, para localizar, identificar e
restituir "menores seqüestrados
ou nascidos em cativeiro na Argentina".
A organização estima que a última ditadura argentina produziu
ao menos 500 "netos", a que se
dedica há 27 anos a localizar e reunir com suas famílias biológicas.
Eles fazem parte das 30 mil vítimas da "guerra suja" -como ficou conhecida a campanha de detenção ilegal, tortura e assassinatos empreendida pelos militares
no país.
Nem todos os "netos" nasceram
no cativeiro - alguns foram
abandonados após o seqüestro ou
o assassinato dos pais. A maioria
foi apropriada por militares e
membros das forças de segurança
e dada à adoção de forma ilegal,
com substituição de suas identidades originais. Até agora, 20
anos após o fim da ditadura, só 79
foram localizados.
Contatada pela Folha, a associação Avós da Praça de Maio disse
que desconhecia a aprovação do
projeto e que não poderia fazer
comentários ontem.
O Fundo de Reparação Histórica não é única medida recente na
Argentina que beneficia os "netos". Em março, Kirchner propôs
o pagamento de indenizações para filhos de desaparecidos nascidos em cativeiros, detidos ilegalmente com seus pais ou dados em
adoção ilegalmente após o nascimento. As indenizações variam
entre 70 mil e 200 mil pesos (cotação similar à do real).
Desde que assumiu o governo,
em maio de 2003, Kirchner vem
promovendo medidas de impacto na área de direitos humanos,
especialmente relacionadas às vítimas da ditadura. No ano passado, seu governo transformou em
museu a Escola Mecânica da Armada, o principal centro de repressão e tortura da ditadura.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Chile: Pinochet perde nova imunidade Próximo Texto: EUA: Ex-policial de NY deverá liderar Segurança Interna Índice
|