São Paulo, sexta-feira, 03 de dezembro de 2004

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LESTE EUROPEU

Bush critica ingerência de Moscou na crise da ex-república soviética

Putin resiste a novo pleito na Ucrânia

DA REDAÇÃO

O presidente da Ucrânia, Leonid Kuchma, foi ontem a Moscou discutir a crise em seu país com Vladimir Putin. No final do encontro, o presidente russo criticou o desejo da oposição ucraniana de realizar novamente o segundo turno da eleição para definir o sucessor de Kuchma.
"Uma repetição do segundo turno pode não dar certo", afirmou Putin. "Uma nova eleição poderia ser feita uma segunda, quarta, 25ª vez, até que um lado consiga o resultado que precisa."
A reação de Putin reflete o temor de seu governo de que, se o candidato oposicionista Viktor Yushchenko chegar ao poder, a Ucrânia venha a se afastar da Rússia em direção ao Ocidente.
Em Washington, o presidente americano, George W. Bush, criticou a posição russa na crise ucraniana, dizendo que pessoas de fora não deveriam se envolver. "Acho qualquer eleição, se é realizada, deve ser livre de qualquer influência externa. Essas eleições devem ser livres e justas."
Yushchenko -que foi declarado perdedor para o candidato de Kuchma, Viktor Yanukovich, em eleição cuja lisura foi contestada por observadores internacionais- criticou a ida do presidente a Moscou. "A fonte do poder está localizada na Ucrânia: é o povo ucraniano", disse.
Na capital, Kiev, pelo 11º dia seguido após a eleição, dezenas de milhares de seguidores de Yushchenko foram às ruas para protestar contra as fraudes denunciadas. A Suprema Corte reuniu-se pelo quarto dia para examinar um pedido para declarar inválido o resultado da eleição. O tribunal deve anunciar sua decisão hoje.
Um dos mediadores internacionais para a crise, o presidente polonês, Aleksander Kwasniewski, defendeu ontem um novo segundo turno. "Precisamos repetir o segundo turno com os mesmos candidatos e darmos aos ucranianos a chance de uma escolha livre. Se assegurarmos a lisura do processo, teremos certeza da vitória da democracia."
Kuchma, que, inicialmente, qualificou os protestos contra o resultado do pleito como uma "farsa política", agora está defendendo recomeçar o processo eleitoral da estaca zero. Especula-se que essa posição faça parte de uma manobra para trocar Yanukovich por um candidato mais popular.
Alguns analistas afirmam que o presidente, caso obtenha sucesso em sua estratégia, irá apoiar o nome de Serhiy Tyhypko, ex-presidente do Banco Central, que chefiou a campanha de Yanukovich.


Com agências internacionais


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