São Paulo, sexta-feira, 03 de dezembro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Tradicionais rivais são saída para governo não cair; premiê diz que congelará ações nos territórios palestinos

Sharon recorre a trabalhistas para se salvar

DA REDAÇÃO

Após a derrota no Parlamento e a saída do Shinui (partido secular) de sua coalizão de governo, o premiê de Israel, Ariel Sharon, deve se voltar para os tradicionais rivais do Partido Trabalhista para salvar o seu governo e para conseguir o apoio necessário para o plano de retirada da faixa de Gaza.
Sharon também disse que não lançará novas ofensivas militares nos territórios palestinos se a situação permanecer calma.
O Hamas respondeu à declaração de Sharon afirmando que, se os ataques realmente cessarem, o grupo poderá decretar trégua.
Os comentários do premiê sobre a inclusão dos trabalhistas ocorrem um dia depois de ele demitir ministros do Shinui que votaram contra o seu Orçamento de 2005 no Knesset (Parlamento).
O partido não concordou com a inclusão em sua proposta de Orçamento -que foi derrotada na sua primeira leitura- da destinação de US$ 64 milhões para grupos judaicos ultra-ortodoxos.
Agora o premiê só tem o apoio de 40 dos 120 membros do Knesset. Caso Sharon não consiga recompor sua coalizão, será obrigado a dissolver o Parlamento e o seu governo, convocando novas eleições. A conseqüência de um novo pleito seria o congelamento do plano de retirada de assentamentos judeus da faixa de Gaza.
Os trabalhistas apóiam Sharon no chamado plano Gaza e poderiam dar o suporte necessário para evitar o fracasso do projeto. Porém o Likud (partido de Sharon) defende redução de gastos na área social, entrando em choque com a plataforma de esquerda do Partido Trabalhista. A inclusão dos trabalhistas depende também de uma autorização do Comitê Central do Likud, que em agosto vetou a entrada do partido liderado pelo ex-premiê Shimon Peres.
Antes disso, Sharon terá que sobreviver a uma moção de desconfiança no Knesset na segunda.
Em declaração ontem, o presidente do Egito, Hosni Mubarak, afirmou que os palestinos têm mais chances de conseguir um acordo de paz enquanto Sharon estiver no poder em Israel.

Palestinos
Os palestinos também enfrentam uma crise política após o anúncio da candidatura anteontem do líder preso em Israel Marwan Barghouti para a Presidência palestina em 9 de janeiro.
Barghouti, que goza elevada popularidade na Cisjordânia, foi criticado por líderes palestinos por estar provocando um racha dentro do Fatah, o maior partido palestino, que indicou como candidato Mahmoud Abbas. O grupo terrorista Jihad Islâmico seguiu os passos do Hamas e anunciou ontem que boicotará o pleito.
Autoridades palestinas anunciaram ontem que dez candidatos disputarão a eleição presidencial. Os únicos com chances reais são Abbas e Barghouti.
A eleição de Barghouti traria problemas também para Israel. O líder palestino, um dos principais comandantes da atual Intifada (levante contra a ocupação israelense), cumpre pena de prisão perpétua sob a acusação de envolvimento com terrorismo. Israel o considera um assassino e insiste em dizer que não o libertará.

Síria
Sharon disse ontem que poderia se encontrar com o ditador sírio, Bashar al Assad, para negociar a paz. Porém impôs a condição de que a Síria pare de apoiar grupos terroristas palestinos. O Hamas e o Jihad Islâmico têm escritórios em Damasco, a capital síria.
Assad afirma que somente aceita um diálogo sem precondições. A Síria reivindica a devolução das colinas do Golã, ocupadas por Israel na guerra de 1967.


Com agências internacionais


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