São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2008

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Justiça cassa primeiro-ministro da Tailândia

Decisão extingue três partidos e faz opositores marcarem hora para o término da ocupação dos aeroportos de Bancoc

Itamaraty anuncia saída de 90 brasileiros e diz que há cerca de 40 com viagens previstas para os próximos dias, mas recebe críticas

Vincent Thian/Associated Press
Manifestantes de oposição comemoram, em aeroporto interditado por eles, a queda do preimiê

DA REDAÇÃO

O premiê da Tailândia, Somchai Wongsawat, foi banido da vida política do país por cinco anos, e seu partido, o PPP (Partido do Poder Popular), dissolvido por decisão da Corte Constitucional ontem. Ele foi substituído interinamente pelo milionário da construção civil Chavarat Charnvirakul, do mesmo grupo político. Novas eleições indiretas devem ocorrer na próxima semana.
Com isso, os líderes da opositora APD (Aliança do Povo pela Democracia) anunciaram o fim da ocupação dos dois aeroportos de Bancoc, tomados há uma semana, e da Casa do Governo, invadida há mais de três meses.
Acusado de comprar votos na eleição de 2007, Somchai aceitou a decisão. Disse que voltou a ser um "cidadão comum".
Se acalma a crise, com a perspectiva da retomada do funcionamento dos aeroportos, a dissolução de sua partido e de outras duas siglas governistas não deve solucionar o problema.
A decisão abrange ao todo 109 pessoas, sendo 31 deputados. Antes mesmo da divulgação do veredicto, eles anunciaram ao "Bangkok Post" que já se mobilizam para criar outra legenda. Querem ter candidato na eleição indireta do novo premiê, proposta para o dia 8.
"Se um governo marionete retornar ou se o novo governo não mostrar sinceridade na busca pelas reformas políticas, nós voltaremos", ameaçou Sondhi Limthongkul, líder da APD, enfatizando que o fim dos protestos não é incondicional.
"As divisões são tão profundas, que é difícil imaginar seu fim", disse Giles Ungpakhorn, analista político da Universidade Chulalongkorn de Bancoc.
Horas antes da reunião dos nove magistrados, o prédio em que se reuniriam foi cercado por manifestantes fiéis ao governo. O julgamento, marcado por "uma rapidez incomum", segundo relato do "Bangkok Post", foi então transferido para outro prédio, por questões de segurança. A sessão terminou com a leitura da decisão em rede nacional, acompanhada de solicitação do presidente do painel judicial, Chat Chonlaworn: "Não importa se estão satisfeitos ou não com o veredicto, pedimos que o aceitem".

Brasileiros
Se a deposição judicial do premiê saiu rápido, o mesmo não deve se verificar com o funcionamento dos aeroportos. Apesar de líderes da APD terem falado na liberação imediata para vôos de carga e até marcado hora para a saída dos terminais -10h (locais) de hoje-, as autoridades são cautelosas. O chefe do órgão que comanda os aeroportos disse que só nesta tarde irá estimar quando voltarão a funcionar normalmente.
Quando ele fizer seu pronunciamento, 90 brasileiros, dos cerca de 130 que entraram em contato com a Embaixada em Bancoc, já deverão ter saído da Tailândia. A assessoria de imprensa do Itamaraty informou que 30 embarcaram ontem e outros 60 tinham um vôo de saída previsto para a madrugada de hoje. Disse também que há cerca de 40 que terão auxílio para sair nos próximos dias.
Apesar disso, o trabalho foi alvo de críticas. O engenheiro Jorge Vinícius Silva Neto, que viajou à Tailândia a trabalho, fez parte de uma reunião ontem entre outros brasileiros "ilhados" em Bancoc e o corpo diplomático nacional. Reclamou que seu interlocutor tinha menos informações que a maioria dos viajantes e nem sequer sabia da dissolução do PPP. "Sua apresentação foi "chover no molhado"."
Via assessoria, o Itamaraty disse que não comentaria a reclamação e ressaltou que há quatro dias a Embaixada em Bancoc só se ocupa do auxílio.


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