São Paulo, quinta-feira, 04 de janeiro de 2007

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Suspeito de ter gravado execução é preso

Segundo governo iraquiano, detido também vazou imagens do enforcamento de Saddam para meios de comunicação

Meio-irmão de Saddam e chefe de tribunal de seu governo devem ser mortos "em breve" pelo mesmo crime, a morte de 148 xiitas


DA REDAÇÃO

Um guarda suspeito de ter gravado clandestinamente a execução do ditador Saddam Hussein foi detido, anunciou ontem o governo do Iraque. As imagens, que mostraram a humilhação de Saddam por seus algozes, causaram revolta entre os iraquianos do ramo sunita, o mesmo do ditador.
A detenção ocorreu um dia após autoridades iraquianas anunciarem a investigação das gravações não-autorizadas do enforcamento do ditador, feitas aparentemente com celular. O filme oficial, divulgado pelo governo, pára antes do enforcamento e não tem som.
De acordo com o assessor de Segurança Nacional iraquiano, Mouwafak Rubaei, o suspeito -que não teve sua identidade revelada- também é acusado de vazar as imagens para os meios de comunicação.
O procurador-geral do Alto Tribunal Penal iraquiano, Munqeth Farun, afirmou que só havia duas testemunhas com celulares no momento da execução e que "eram altos funcionários do governo". Farun, porém, não quis identificá-los.
Autoridades iraquianas disseram que os autores dos insultos proferidos contra Saddam pouco antes do enforcamento também estão sendo investigados. Saddam foi enforcado no dia 30 de dezembro pela morte de 148 xiitas, em 1982.
Ontem, o general William Caldwell, porta-voz do Exército norte-americano, criticou a maneira como a execução foi conduzida. "Se nós fôssemos fisicamente responsáveis naquele momento, teríamos feito as coisas de outra maneira", disse.
Os outros dois condenados pela morte dos 140 xiitas-o ex-chefe da Inteligência e meio-irmão de Saddam, Barzan Ibrahim, e Awad Hamed Bandar, ex-chefe da Corte Revolucionária da ditadura- devem ser enforcados em breve, segundo informações oficiais. Uma autoridade iraquiana disse à Associated Press que a execução dos dois ocorreria hoje.
Ibrahim e Bandar deveriam ter sido mortos no sábado, junto com Saddam. As execuções, porém, foram adiadas para que Saddam fosse "executado em um dia especial", de acordo com Rubaie.
Ontem, a alta comissária para os Direitos Humanos da ONU, Louise Arbour, disse que pediu ao presidente iraquiano, Jalal Talabani, que impedisse a execução dos condenados. "As preocupações que eu mostrei, há somente alguns dias, a respeito da justiça e imparcialidade do julgamento de Saddam podem ser aplicadas também no caso desses dois réus."
Arbour já havia pedido a comutação da pena de morte contra Saddam, sem sucesso.
Um vídeo com imagens de cinco pessoas seqüestradas em novembro no Iraque -quatro americanos e um austríaco- foi entregue ontem à Associated Press. Nas imagens, feitas há cerca de duas semanas, um americano afirma que não será solto "até que os prisioneiros das prisões americanas e britânicas sejam liberados".
Também ontem, o presidente norte-americano, George W. Bush, confirmou que anunciará em breve uma nova estratégia para a guerra.


Com agências internacionais

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