DA REDAÇÃO

O jornal britânico "Daily Telegraph" acusou, em reportagem divulgada nesta semana, integrantes civis e militares da Missão de Paz da ONU no Sudão (UNMIS) de abusar sexualmente de crianças que vivem na cidade de Juba, no sul do país africano. A ONU afirmou que irá investigar as acusações, mas disse que as informações não são novas.
A notícia já havia sido divulgada em um documento elaborado pela Unicef (agência da ONU para a infância), em 2005, em que indicava abusos com centenas de crianças desde a chegada das tropas, em 2003. Na reportagem do jornal britânico, cerca de 20 crianças foram entrevistadas e todas confirmam que militares da força de paz e funcionários civis da organização raptavam crianças e as forçavam a ter relações sexuais.
Em uma das entrevistas, Jonas, um garoto de 14 anos, diz que, na primeira vez em que foi vítima, estava sentado perto de um rio. "Um homem em um veículo branco me perguntou se eu queria entrar no carro. Quando ele parou, nós saímos, ele colocou uma venda em mim e começou a abusar de mim. Quando acabou, ele voltou ao local em que me pegou e me jogou para fora do carro."
A secretária-geral adjunta para Missões de Paz, Jane Holl Lute, disse à Associated Press que as alegações podem ser verdadeiras, mas que é muito difícil comprová-las. "Não acredito que sejam informações novas, mas nós as trataremos com a mesma seriedade que tratamos outras alegações."
A tropa da ONU no Sudão é composta por 10 mil homens de diversas nacionalidades, entre elas o Brasil. Eles estão no país desde 2003 para assegurar um acordo de paz que pôs fim a uma guerra civil que durava 23 anos. Segundo o Itamaraty, o Brasil mandou 19 observadores militares que sequer andam armados e três policiais que atuam no treinamento da UNMIS.