São Paulo, domingo, 04 de janeiro de 2009

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GUIA DO CONFLITO

Por que a trégua entre Israel e o Hamas fracassou?
A trégua foi acertada em junho, mediada pelo Egito. Nenhum dos lados cumpriu estritamente seus termos. Foguetes continuaram a ser lançados de Gaza, de forma bem mais esporádica, e Israel não liberou o fluxo de mercadorias para a região
A tensão recrudesceu depois de 4 de novembro, dia da eleição nos EUA, quando Israel bombardeou túnel em Gaza que supostamente seria usado pelo Hamas para sequestrar soldados

Por que Israel decidiu atacar?
Há várias explicações. Oficialmente, o país visa enfraquecer a capacidade militar do Hamas. Mas há líderes israelenses que pregam a destruição do grupo ou a derrubada do seu governo em Gaza -o que pode ser o objetivo da invasão iniciada ontem. Analistas apontam pelo menos mais três razões para o ataque:
1) A proximidade das eleições gerais de 10 de fevereiro, na qual a atual coalizão de governo, de centro-direita, vinha sendo ameaçada pela ascensão da extrema direita, que defendia uma ofensiva dura contra o Hamas
2) A decisão do país de restabelecer seu poder de dissuasão, ameaçado pelo fracasso da guerra de 2006 contra o grupo xiita libanês Hizbollah. Tanto o Hizbollah quanto o Hamas, em menor grau, têm apoio do Irã, que Israel vê como seu principal inimigo
3) A proximidade da posse de Obama nos EUA. Obama vinha sendo instado a pressionar Israel a um acordo para a criação do Estado palestino em Gaza e na Cisjordânia, objetivo de negociações que se arrastam há 15 anos. Ao atacar o Hamas, Israel pretenderia continuar a impor seu ritmo às negociações

O que quer o Hamas?
O Hamas é misto de milícia, partido e instituição de caridade. A carta fundadora do grupo prega a destruição de Israel. Nos anos 90 e início desta década, o Hamas promoveu dezenas de atentados terroristas em Israel
Desde que aderiram à política formal, nas eleições palestinas de 2006, os dirigentes do Hamas têm sido dúbios. Uma oferta de "trégua prolongada" em 2007 foi vista como reconhecimento implícito de Israel. Há dúvidas sobre se, ao pressionar pela renegociação em termos mais favoráveis da trégua, o grupo esperava retaliação maciça

Qual é a perspectiva agora?
Israel invadiu Gaza 48 horas antes de a ONU discutir proposta de cessar-fogo monitorado; o futuro dependerá da dimensão do avanço israelense em terra


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