São Paulo, domingo, 04 de janeiro de 2009

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ARTIGO

A guerra pela paz no Oriente Médio

BORIS BER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Mais uma vez, o Oriente Médio mergulha na violência e atravessa um trágico capítulo de sua história recente, infelizmente marcada até hoje pela intolerância e pela sobrevivência de ideias como a da destruição de Israel. Mais de seis décadas depois da decisão da ONU sobre a Partilha, grupos como o Hamas ainda defendem o fim do Estado judeu e fazem a região viver novas explosões de violência, como o conflito dos últimos dias.
Lamentavelmente todo este episódio retarda o processo para a paz na região, o que só pode ser conseguido mediante o desejo verdadeiro de diálogo entre israelenses e palestinos. Entretanto, há que reconhecer também o direito do Estado de Israel de, legitimamente, se defender de ataques terroristas da milícia do Hamas. Desde 2005, Israel se retirou de Gaza, dando autonomia completa à Autoridade Palestina para que ali exercesse sua liderança.
O fato é que, a partir de 2006, essa mesma Autoridade Palestina foi expulsa progressivamente da região, que foi dominada pelo Hamas, definido tanto pela União Europeia como pelos Estados Unidos como um grupo terrorista.
Para que o diálogo possa existir entre Israel e o Hamas, três condições são fundamentais: o reconhecimento pelo Hamas do Estado de Israel, o compromisso de dar seguimento a acordos previamente estabelecidos entre Israel e os palestinos em gestões anteriores e o final da violência. Em nenhum desses pontos houve qualquer sinalização positiva. Muito pelo contrário, pois o Hamas insiste num ponto único, a destruição do Estado de Israel.
Desde 2000, mais de 1.100 pessoas em Israel foram assassinadas pelo terrorismo. A faixa de Gaza se transformou também, nas mãos do Hamas, numa base para o lançamento de foguetes e morteiros contra a população civil israelense.
Apenas em 2008, foram disparados mais de 2.500 projéteis contra cidades do sul de Israel, como Sderot, que vive sob a ameaça permanente dos ataques terroristas.
As últimas semanas foram marcadas pelo fato de o Hamas anunciar o fim do cessar-fogo que durava seis meses e por disparos frequentes de morteiros e foguetes contra civis israelenses. As tentativas de diálogo para que isso fosse interrompido se revelaram absolutamente infrutíferas. Frente a essa situação, Israel não teria alternativa que não a de defender seus cidadãos e exigir que seus vizinhos tenham um comportamento de convívio adequado.
Muitos argumentam que existiriam alternativas não militares para Gaza. De fato, concordamos com isso, desde que os próprios palestinos que ali vivem decidam entre querer um convívio de diálogo e de mútua aceitação ou se preferem uma postura beligerante e extremista como a do grupo terrorista Hamas, que prega a destruição do Estado judeu.
Desejamos que o diálogo seja imediatamente restabelecido e a paz, alcançada. Lamentamos intensamente que, mais uma vez, vidas sejam perdidas. Sonhamos com um processo de paz por meio do qual seja possível garantir um futuro de harmonia e de prosperidade a israelenses e palestinos.
Israel deseja um Oriente Médio marcado pela convivência harmônica, pelo desenvolvimento e pela democracia, não pela intolerância e pelo terror.
O governo israelense rejeitou aceitar passivamente que atitudes que preguem a destruição de um Estado continuem a ser responsáveis pelo terrorismo.
Israel, assim como todas as nações, tem o direito de se defender. E sem abrir mão de sua histórica aspiração pela paz.

BORIS BER é presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo



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