São Paulo, segunda-feira, 04 de janeiro de 2010

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EUA fecham sua embaixada no Iêmen

Medida, adotada também pelo Reino Unido, é atribuída a "ameaças da Al Qaeda da península Arábica" a interesses americanos

General americano se reúne com presidente iemenita para traçar tática conjunta de combate ao braço da rede terrorista em ação no país

Yahya Arhab/Efe
Militares iemenitas reforçam a segurança no aeroporto de Sanaa
no dia em que EUA e Reino Unido fecharam embaixadas na cidade


JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

Os EUA e o Reino Unido fecharam ontem suas embaixadas no Iêmen. Washington citou ameaças da Al Qaeda da península Arábica, mesmo grupo que reivindicou autoria do ataque frustrado a um voo americano rumo a Detroit no Natal.
O site da Embaixada dos EUA informava que a representação em Sanaa "está fechada hoje [ontem], 3 de janeiro, em razão de ameaças em curso feitas pela Al Qaeda da península Arábica, de ataque a interesses americanos no Iêmen".
Autoridades britânicas citaram a preocupação com a segurança, mas não confirmaram ameaças específicas.
A decisão de fechar a embaixada ocorreu um dia depois de o presidente dos EUA, Barack Obama, acusar a Al Qaeda da península Arábica pela tentativa de ataque no Natal.
Obama afirmou que o grupo foi responsável pelo treinamento e pelo fornecimento de explosivos ao nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab, 23, que tentou se explodir no voo. E enfatizou a luta de seu governo contra o grupo.
Além disso, o chefe do Comando Central dos EUA, general David Petraeus, se reuniu anteontem com o presidente do Iêmen, Ali Abdallah Saleh, na capital Sanaa. Eles discutiram estratégias conjuntas para atacar a Al Qaeda.
Petraeus já anunciou que os EUA vão mais do que dobrar o envio de recursos para a segurança do Iêmen. No ano passado, foram enviados cerca de US$ 70 milhões, sem contar os recursos enviados como informação confidencial.
O Reino Unido anunciou que o premiê Gordon Brown e Obama concordaram em dar apoio a uma unidade policial de contraterrorismo para lidar com as ameaças de ataques.
Brown já convocou uma cúpula internacional para discutir o terrorismo no Iêmen no dia 28 de janeiro em Londres, em paralelo a uma reunião sobre a situação no Afeganistão.
O fechamento das embaixadas ontem reforça a percepção de que o Iêmen se tornou um novo front para os EUA no combate ao terrorismo. O conselheiro de Segurança Doméstica e Contraterrorismo, John Brennan, afirmou à rede de TV ABC que a Al Qaeda tem centenas de membros no Iêmen e que eles estão ganhando força. Segundo Brennan, eles representam uma ameaça real.
Em entrevista à Fox, Brennan afirmou que o grupo "estava mirando nossa embaixada e nosso pessoal e não vamos correr riscos com as vidas de nossos diplomatas e de outros".
Em setembro de 2008, a Embaixada dos Estados Unidos no Iêmen foi atacada por carro-bomba, o que resultou na morte de 19 pessoas.
A Embaixada da Espanha restringiu acesso ao público, mas permanece aberta. O governo recomenda aos espanhóis que não viajem ao Iêmen devido ao risco de atentados.
Desde o ataque ao USS Cole por militantes da Al Qaeda, em 2000, que resultou na morte de 17 marinheiros americanos, o grupo ganhou força no país. Diplomatas americanos acusam o governo do Iêmen de nunca ter colocado o combate a Al Qaeda como prioridade.


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