São Paulo, segunda-feira, 04 de janeiro de 2010

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Suriname retoma apuração de ataque

Governo envia hoje novos policiais a Albina; suposto assassinato de garimpeiros brasileiros não foi confirmado até agora

Mineiros atingidos pelo ataque ocorrido na véspera do Natal pretendem que o governo brasileiro reponha equipamentos perdidos

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
FÁBIO ZANINI
ENVIADOS ESPECIAIS AO SURINAME

Passados os feriados de final de ano, a polícia do Suriname recomeçará hoje as investigações sobre o ataque a um grupo de garimpeiros brasileiros na noite do Natal, segundo a Embaixada do Brasil no país.
Um novo grupo de policiais deve ir a Albina, cidade de 20 mil habitantes na fronteira com a Guiana Francesa, onde mais de cem garimpeiros foram agredidos a golpes de facão e pauladas por descendentes de quilombolas, os maroons.
O incidente, provocado pelo assassinato de um "moreno", como são chamados pelos brasileiros os negros da região, terminou com saques, prédios incendiados e ao menos 25 pessoas feridas.
Com a chegada dos policiais, é possível que ocorram novas buscas pelos corpos de garimpeiros supostamente mortos. Mergulhadores já estiveram na região do rio Maroni próxima de onde as agressões ocorreram para verificar se procedem os relatos dos brasileiros.
Eles afirmam terem visto colegas serem assassinados e supõem que seus cadáveres foram jogados no rio. Até agora, não houve confirmação oficial de nenhuma morte. Foram presos ao menos 41 suspeitos.
Em Paramaribo, capital do Suriname, a embaixada disse ter recebido uma série de mensagens de maroons reafirmando amizade e respeito aos brasileiros. Até o avô do morto em Albina foi a uma rádio local dizer que o conflito foi localizado e que não representa o início de uma onda xenófoba. Ele se disse "envergonhado" pelo o que ocorreu no país.
Enquanto isso, os brasileiros alvo do ataque que se refugiaram em hotéis da capital pensam em como voltar para seus locais de trabalho -garimpos localizados na Guiana Francesa, principalmente.
Em meio às agressões, eles tiveram dinheiro, documentos e equipamentos roubados. Agora, querem que o governo brasileiro custeie o transporte e a compra de botas, comida, redes e lanternas, necessárias para os longos períodos que passam isolados na floresta.
"Acho que com uns US$ 650 [R$ 783] eu consigo voltar a trabalhar", disse Francisco Alex Pereira, 32. Aos 37 que voltaram ao Brasil em voos da FAB (Força Aérea Brasileira), a embaixada deu US$ 100 [R$ 174] para que chegassem até suas cidades de origem.



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