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Suriname retoma apuração de ataque
Governo envia hoje novos policiais a Albina; suposto assassinato de garimpeiros brasileiros não foi confirmado até agora
Mineiros atingidos pelo ataque ocorrido na véspera do Natal pretendem que o governo brasileiro reponha equipamentos perdidos
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
FÁBIO ZANINI
ENVIADOS ESPECIAIS AO SURINAME
Passados os feriados de final
de ano, a polícia do Suriname
recomeçará hoje as investigações sobre o ataque a um grupo
de garimpeiros brasileiros na
noite do Natal, segundo a Embaixada do Brasil no país.
Um novo grupo de policiais
deve ir a Albina, cidade de 20
mil habitantes na fronteira
com a Guiana Francesa, onde
mais de cem garimpeiros foram
agredidos a golpes de facão e
pauladas por descendentes de
quilombolas, os maroons.
O incidente, provocado pelo
assassinato de um "moreno",
como são chamados pelos brasileiros os negros da região, terminou com saques, prédios incendiados e ao menos 25 pessoas feridas.
Com a chegada dos policiais,
é possível que ocorram novas
buscas pelos corpos de garimpeiros supostamente mortos.
Mergulhadores já estiveram na
região do rio Maroni próxima
de onde as agressões ocorreram para verificar se procedem
os relatos dos brasileiros.
Eles afirmam terem visto colegas serem assassinados e supõem que seus cadáveres foram jogados no rio. Até agora,
não houve confirmação oficial
de nenhuma morte. Foram
presos ao menos 41 suspeitos.
Em Paramaribo, capital do
Suriname, a embaixada disse
ter recebido uma série de mensagens de maroons reafirmando amizade e respeito aos brasileiros. Até o avô do morto em
Albina foi a uma rádio local dizer que o conflito foi localizado
e que não representa o início de
uma onda xenófoba. Ele se disse "envergonhado" pelo o que
ocorreu no país.
Enquanto isso, os brasileiros
alvo do ataque que se refugiaram em hotéis da capital pensam em como voltar para seus
locais de trabalho -garimpos
localizados na Guiana Francesa, principalmente.
Em meio às agressões, eles tiveram dinheiro, documentos e
equipamentos roubados. Agora, querem que o governo brasileiro custeie o transporte e a
compra de botas, comida, redes
e lanternas, necessárias para os
longos períodos que passam
isolados na floresta.
"Acho que com uns US$ 650
[R$ 783] eu consigo voltar a trabalhar", disse Francisco Alex
Pereira, 32. Aos 37 que voltaram ao Brasil em voos da FAB
(Força Aérea Brasileira), a embaixada deu US$ 100 [R$ 174]
para que chegassem até suas cidades de origem.
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