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São Paulo, terça-feira, 04 de fevereiro de 2003

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ORÇAMENTO

Presidente apresenta sua proposta ao Congresso e prevê déficits recordes para os anos fiscais de 2003 e 2004

Bush quer gastar US$ 380 bi em defesa

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, enviou ontem ao Congresso sua proposta de Orçamento para o próximo ano, de US$ 2,23 trilhões, na qual expande gastos militares e o auxílio a países em desenvolvimento e corta impostos de investidores, elevando o déficit a um nível recorde.
Bush propõe gastos com o Pentágono para o próximo ano de US$ 379,9 bilhões, US$ 15,3 bilhões a mais que em 2003, e um aumento de US$ 20 bilhões por ano nos próximos anos, atingindo US$ 483,6 bilhões em 2009.
O presidente pediu no Orçamento mais verbas para tropas de elite e aviões não tripulados. Além disso, quer aumentar gastos com testes de sistemas de defesa antimísseis em US$ 1,5 bilhão, para US$ 9,1 bilhões, salários de militares, a construção de sete novos navios militares e dois novos programas de aviões militares.
Destacando o declínio do equilíbrio fiscal do país desde um superávit recorde em 2000, o Orçamento para o ano fiscal de 2004, que começa em 1º de outubro, prevê déficits de US$ 304 bilhões no atual ano fiscal e US$ 307 bilhões em 2004, superando o recorde de 1992, de US$ 290 bilhões.
Nos próximos cinco anos, segundo a Casa Branca, o déficit do Orçamento deve somar mais de US$ 1,08 trilhão, contrariando as previsões do governo em 2001 de que, nos dez anos seguintes, o superávit somaria US$ 5,6 trilhões.
"Uma recessão e uma guerra sobre a qual não tivemos escolha levaram ao retorno dos déficits", disse Bush. Democratas acusaram Bush de promover cortes irresponsáveis nos impostos, que custariam ao Tesouro cerca de US$ 1,7 trilhão em 10 anos. Mas funcionários da Casa Branca culparam a recessão em 2001, os ataques de 11 de setembro nos EUA e a "guerra ao terrorismo" pelo fato de o déficit ter sido maior que o esperado, e insistiram em que o desequilíbrio é administrável.
Bush, que previu no Orçamento uma retomada do crescimento econômico, para 2,9% em 2003 e 3,6% em 2004, classificou os déficits como "pequenos para padrões históricos".
Seu diretor para o Orçamento, Mitch Daniels, disse que não seria necessário nenhum "grande truque" para fazer com que o país voltasse rapidamente ao equilíbrio, mas que o governo estava concentrado em combater o terrorismo e estimular a economia. Vistos não em dólares, mas em proporção com a economia do país, os déficits estimados no Orçamento de Bush ainda permanecem bem abaixo do recorde de 6% do PIB durante o governo de Ronald Reagan em 1983.
Ao mesmo tempo em que elevou os gastos com a segurança interna para US$ 41 bilhões, Bush está pedindo ao Congresso, de maioria republicana, para cortar gastos com a maioria dos outros programas, provocando uma batalha com democratas.
Entre as agências mais afetadas por cortes, estão as que regulam a agricultura, o ambiente, a habitação e o desenvolvimento urbano, o trabalho e a saúde.
Mas democratas e alguns republicanos moderados dizem que várias das iniciativas mais ambiciosas da proposta de Orçamento têm pouca chance de serem aprovadas em sua forma atual, particularmente propostas para cortar impostos sobre os dividendos das empresas e reformar o sistema de assistência médica a idosos.
As projeções de déficit não incluem o custo de uma possível guerra contra o Iraque, que, segundo autoridades, poderia significar outros US$ 61 bilhões.
O Orçamento brasileiro de 2003 é de R$ 266 bilhões, com uma receita de R$ 353 bilhões e, consequentemente, um superávit de R$ 87 bilhões. O PIB dos EUA é de cerca de US$ 10 trilhões. A estimativa para o PIB do Brasil em 2003 é de R$ 1,5 trilhão.


Com agências internacionais


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